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Relator diz que há 'pontos obscuros' na defesa oral de Paulinho

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O relator do caso do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), Paulinho da Força Sindical, no Conselho de Ética da Câmara, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), disse nesta quarta-feira (09/07) que depois de cerca de três horas de defesa ainda há vários "pontos obscuros" nas acusações que envolvem o pedetista. Piau afirmou que, na sua opinião, a sessão secreta na qual serão revelados detalhes do inquérito sobre o processo será fundamental. "Há ainda vários pontos que estão obscuros. Espero que a sessão [secreta] ajude a esclarecer. Ele [Paulinho] precisa tratar sobre a questão do apartamento doado, a relação com as organizações não-governamentais e ainda com João Pedro Moura [consultor]", afirmou Piau, ao final do depoimento de Paulinho no Conselho de Ética da Câmara. Na sessão de quarta, Paulinho mudou sua versão sobre a doação de um apartamento, no valor de R$ 85 mil, feita à ONG (organização não-governamental) "Meu Guri", presidida pela mulher dele, Elza de Fátima Pereira. Segundo Paulinho, houve um "termo de cessão" em nome de Elza para que a entidade não ficasse no prejuízo, uma vez que foram acumulados R$ 37,5 mil em dívidas. Até esta quarta, Paulinho não havia mencionado o termo nem explicado detalhes técnicos sobre um comprovante que mostra um depósito de R$ 37,5 mil na conta do projeto. Porém, para vários parlamentares, o deputado mudou a versão e levantou mais dúvidas sobre a questão. O advogado de Paulinho, Leônidas Sholz, negou que tenha ocorrido uma contradição por parte de seu cliente. "O que houve foi é que ele se equivocou ontem [quando iniciou sua defesa oral]. Houve um equívoco de denominação técnica", disse ele. Acusações Denunciado por quebra de decoro parlamentar em decorrência de acusações sobre suposto desvio de recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social), Paulinho teve o nome envolvido durante as investigações da Operação Santa Tereza, da Polícia Federal. A PF desbaratou uma quadrilha, integrada por empresários e advogados, que supostamente fraudava o BNDES. Paulinho nega todas as acusações. Nesta quarta-feira, o deputado limitou sua entrevista coletiva a uma única frase e não respondeu às demais perguntas. "Tive a oportunidade [no Conselho de Ética] de esclarecer todas as calúnias e difamações contra mim", afirmou Paulinho. Secreta O presidente do conselho, deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), decidiu hoje que será convocada uma sessão secreta para detalhar o inquérito, no qual Paulinho é citado, e também para ouvir o delegado da PF Rodrigo Levin --que comandou a Operação Santa Tereza. Moraes disse que a sessão era necessária porque o inquérito é protegido por segredo de Justiça. Para o relator, será fundamental realizar a sessão porque ele ainda tem muitas dúvidas sobre as questões que envolvem o processo.