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Ex-deputado era o elo de ligação com Dantas, diz delegado

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O procurador da República Rodrigo de Grandis, responsável pelas investigações que resultaram na Operação Satiagraha, deflagrada nesta terça-feira (8/7) pela Polícia Federal (PF), afirmou que o ex-deputado petista Luiz Eduardo Greenhalgh seria "o elo" entre o grupo formado pelo sócio-fundador do Banco Opportunity, Daniel Dantas, com os poderes Executivo e Legislativo. Em entrevista na sede da PF em São Paulo, Grandis disse que as interceptações telefônicas feitas na operação mostram que o ex-deputado era, inclusive, chamado por dois apelidos: Leg e Gomes. O procurador lamentou o fato de o juiz ter indeferido os mandados de prisão, busca e apreensão referentes ao ex-deputado. Grandis ainda informou que o vazamento das informações referentes à operação ocorreu em reportagem publicada pela jornalista Andréa Michael, do jornal Folha de S.Paulo, no mês de abril. Segundo o procurador, "a Polícia Federal apurou que a quadrilha entrou em contato com a jornalista para que ela contribuísse com mais informações sobre as investigações". Porém o pedido de prisão temporária e o mandado de busca e apreensão da jornalista não foram aceitos pelo juiz, embora o procurador sustente que ela vazou dados importantes das investigações para a organização, "o que também constitui crime". O procurador afirmou que o grupo liderado por Dantas teria realizado algumas operações em conjunto com o grupo liderado pelo investidor Naji Nahas, que atuava como uma espécie de banco e praticava as chamadas operações dólar-cabo, que envolve o envio de recursos ao exterior sem o conhecimento do Banco Central (BC). Com relação ao ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, Grandis disse que ele seria um dos principais clientes de Nahas e recebia grandes quantias de dinheiro sem qualquer atividade que justificasse este recebimento. A PF está cumprindo mandados de prisão e de busca e apreensão nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Distrito Federal. Ao todo foram expedidas 24 ordens de prisão temporária, dentre elas as de Dantas, Nahas e Pitta, e 56 mandados de busca e apreensão. O advogado de Nahas foi procurado pela reportagem durante todo o dia, mas de acordo com informações dos funcionários de seu escritório, ele está "incomunicável". Sigilo O delegado da PF Protógenes Queiroz, coordenador das investigações da Operação Satiagraha, foi questionado hoje, durante a entrevista coletiva, se o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu e o ministro da Secretaria de Planejamento Estratégico, Mangabeira Unger, estão sendo investigados por suposto envolvimento com o grupo liderado pelo ex-banqueiro Daniel Dantas. Em resposta, Protógenes disse que essas informações estão sob sigilo. "Ainda não pode ser fornecida ou contextualizada a conduta dessas duas pessoas e o envolvimento delas com a organização comandada por Daniel Dantas. O delegado afirmou ter ficado surpreso com a informação de que Naji Nahas receberia informações privilegiadas sobre a taxa de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). "Quanto aos indícios de fraude no Fed, muito nos surpreendeu a habilidade de Naji Nahas devido ao megacontato que ele teria no Brasil e no exterior, e que nos conduziu a ter indícios de manipulação do mercado financeiro internacional e até mesmo a taxa de juros do Fed, em que ele se privilegia antecipadamente de informações e passa a aplicá-las no mercado financeiro nacional." O delegado não informou quais informações e sobre qual período de tempo Nahas teria manipulado, sob a justificativa de sigilo.