O Conselho de Ética da Câmara recebeu nesta quarta-feira do Supremo Tribunal Federal (STF) cópia do inquérito contra o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical. O parlamentar é acusado de envolvimento em esquema de suposto desvio de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Os documentos entregues ao conselho, em nove volumes, são os das investigações da Polícia Federal na operação Santa Teresa. O material havia sido solicitado ao STF pelo presidente do conselho, deputado Sérgio Moraes (PTB-RS).
Como o processo tramita em segredo de justiça, o deputado Sérgio Moraes mandou que ele fosse colocado no cofre do conselho e avisou que só terá acesso aos documentos os deputados do colegiado, os advogados de Paulinho e o próprio acusado. Moraes disse que, como as informações são sigilosas, elas não deverão ser vazadas imprensa. Segundo ele, não será permitida a cópia do material nem a permissão para que ele seja retirado do conselho.
O relator do processo contra o parlamentar, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), disse que agora vai ler todo o material encaminhado pelo STF para se embasar e fundamentar os questionamentos que fará ao deputado Paulinho durante o depoimento do parlamentar, marcado para a terça-feira (8). Os documentos são as únicas peças de investigação que dispomos e é através deles que vamos ter subsídios para os questionamentos e também para definirmos todas as testemunhas que devem ser ouvidas no conselho, disse Piau.
O relator disse que pretende ouvir em torno de 15 testemunhas sobre o caso. Segundo ele, duas das testemunhas que ele escolheu coincidem com as de defesa apresentadas pelo deputado Paulinho. São elas João Pedro de Moura, que foi seu assessor, e o coronel reformado da Polícia Militar Wilson Consani Júnior. Paulo Piau disse que após o depoimento vai apresentar os requerimentos para os convites s testemunhas. Ele admitiu que os depoimentos podem ficar para depois do recesso parlamentar.
Embora Paulinho tenha apresentado uma defesa por escrito de quase 300 páginas, o relator do processo disse que a defesa precisa de muitos esclarecimentos e explicações. Paulinho vai ter que se explicar no depoimento. A defesa dele foi feita no sentido de desqualificar as denúncias. Uma técnica dos advogados que tentaram descaracterizar as duas representações movidas contra o deputado e que tramitam no Conselho de Ética.