A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, deverá dar explicações à Comissão de Ética Pública da Presidência sobre sua atuação durante as negociações de compra e venda da Varig e da Variglog. Ontem, depois de mais de quatro horas de reunião, os integrantes do grupo iniciaram a análise do caso e marcaram para agosto a decisão sobre o assunto. Até lá, o relator do processo, padre José Ernane Pinheiro, vai estudar todas as matérias veiculadas pela imprensa, além do teor do depoimento da ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu.
Segundo ele, apenas depois de uma análise detalhada dos fatos publicados e das acusações de Denise Abreu será possível avaliar se Dilma Rousseff interferiu ou não no processo de negociação. ;Creio que até o início de agosto, quando acontece nossa próxima reunião, teremos uma posição sobre o caso. Antes é preciso ler com cuidado tudo que foi divulgado. Para complementar as informações, poderemos pedir mais explicações à ministra;, disse Pinheiro.
Apesar de ainda estar analisando a conduta de Dilma durante o processo de compra e venda da Varig e da Variglog, a Comissão de Ética livrou a ministra de duas representações que tramitavam contra ela. O primeiro processo tratava do seu possível envolvimento na elaboração de dossiê com os gastos sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e da sua esposa, Ruth Cardoso. Os integrantes do grupo arquivaram o processo porque entenderam que as explicações da ministra sobre o assunto foram suficientes para demonstrar que ela não tem responsabilidade no caso.
Sem base
De acordo com o presidente da Comissão de Ética, Sepúlveda Pertence, o grupo avaliou que o fato de a própria ministra ter pedido a abertura de processos de investigação demonstrou sua vontade de apurar o vazamento das informações contidas no banco de dados. ;Ela nos explicou que todas as providências para investigar o caso foram tomadas rapidamente. Ela também abriu uma sindicância para apurar o fato e solicitou auxílio da Polícia Federal. Assim, entendemos que não há base para a aplicação de qualquer penalidade contra ela;, justificou o presidente.
Outra representação que tramitava contra a ministra foi apresentada pelos líderes da oposição no Senado. No processo, os parlamentares a acusaram de minimizar os trabalhos do legislativo ao afirmar que preferia ficar no Palácio do Planalto trabalhando a ter de comparecer à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para prestar depoimento. O presidente da Comissão de Ética afirmou que a representação foi arquivada porque os argumentos dos senadores se baseavam apenas na publicação de matérias jornalísticas, impossibilitando a análise sobre o contexto no qual frase foi dita.