Três conselheiros do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais serão intimados, pela Polícia Federal, a depor no inquérito que apura a emissão pelo tribunal de certidões que autorizam prefeituras a fechar convênios para recebimento de recursos do estado e da União, em troca de propina. Os depoimentos serão marcados para quinta-feira. A PF não confirma quais conselheiros serão ouvidos. É certo, no entanto, que o presidente do TCE, Elmo Braz, está entre os intimados. O vice-presidente do tribunal, Wanderley Ávila, aparece em relatório da PF e também deverá ser ouvido.
Braz é suspeito de acobertar o esquema, que tem como peça principal Cássio Dehon Rodrigues Fonseca, preso pela Polícia Federal na Operação de volta para Pasárgada, desdobramento da Operação Pasárgada, que apura desvio de recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Cássio Dehon é ex-funcionário do gabinete do presidente do tribunal e ligado, conforme depoimentos tomados pela PF, a Paulo Sobrinho de Sá Cruz, o Paulinho da Status, dono da PCM Consultoria, que presta assessoria financeira a prefeituras.
A PF chegou ao ex-assessor de Elmo Braz, que nega todas as acusações, depois de depoimento do secretário municipal de administração de Almenara, Raimundo Nonato Vieira, em 9 de abril. Ao ser ouvido pela PF sobre a concessão de certidões, o secretário afirmou ter conversado com uma pessoa de nome Cássio, que se apresentou como alguém ligado ao presidente do TCE. Raimundo Nonato disse ainda ter conhecido Cássio por intermédio do escritório de Paulinho da Status.
A PF afirma que Cássio é o contato de Paulinho da Status no TCE e que, ;mediante propina, obtém certidões fraudulentas emitidas pelo tribunal que beneficiariam os municípios que contratam os serviços do lobista;. Já Wanderley Ávila terá que explicar à Polícia Federal o comportamento que tomou depois que a PF prendeu equivocadamente um servidor do TCE. Nas escutas, foi registrado o nome Cássio.
Ao analisar a lista de funcionários do tribunal, no entanto, a corporação encontrou apenas Cássio Tadeu de Melo, servidor da vice-presidência do tribunal. Isso ocorreu porque Cássio Dehon era terceirizado. Ao perceber o erro, a PF fez um comunicado a Wanderley Ávila. ;Após esse fato, atos estranhos começaram a colocar em xeque a lisura da atuação da administração daquele TCE-MG;, diz relatório da PF.
Um dos fatos estranhos, conforme o texto, é o fato de agentes federais terem encontrado dificuldades ao irem ao TCE tentar achar outro servidor de nome Cássio. A PF só conseguiu encontrar o servidor certo a ser preso quando foi à empresa Elite Serviços, que terceiriza trabalhos para o TCE.