O PMDB venceu a disputa política com o PR e manteve sob seu poder a vice-presidência de Governo do Banco do Brasil (BB). Por determinação do presidente Lula, que temeu perder o apoio do partido, o Conselho de Administração da instituição aprovou o nome de Ricardo Flores, 44 anos, para o cargo. A indicação foi apadrinhada pelo vice-líder do partido na Câmara, Tadeu Filippelli (DF). Ele liderou um motim junto à bancada do Centro-Oeste para fazer o sucessor do peemedebista Maguito Vilela, que deixou o BB para concorrer à prefeitura de Aparecida de Goiânia (GO).
Para atender ao pleito do PMDB, o presidente Lula foi obrigado a, mais uma vez, recuar em sua promessa de dar um cargo no governo para o ex-governador do Ceará Lúcio Alcântara, do PR. Até duas semanas atrás, estava praticamente certa a nomeação dele. Mas um bombardeiro disparado pelos peemedebistas e por funcionários do banco, tendo como base denúncias de que o filho de Alcântara deve cerca de R$ 8,5 milhões ao BB, detonou o acordo do presidente com o ex-governador.
O PMDB tenta, com Flores, tirar a conotação política da nomeação para o BB. Representantes do partido alegam que ele é um economista preparado para o cargo, funcionário de carreira da instituição desde 1978, quando começou como menor aprendiz, em uma agência de Recife (PE). Até esta quinta, Flores era diretor de Seguros, Previdência e Capitalização. O problema é que o discurso não combina com a prática. O PMDB vai cobrar a fatura, pois vê no cargo trampolim importante para muitos políticos regionais, pois é por meio dele que a instituição faz todos os contatos com estados e municípios, inclusive liberando crédito. ;A indicação não é minha, é da bancada do Centro-Oeste;, afirma Filippelli.
O vice-líder do PMDB é padrinho também do vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, Carlos Antônio de Brito. Ele sempre exerceu cargos sob indicação de Filippelli. No governo de Joaquim Roriz (PMDB), Brito foi secretário-adjunto de Governo e de Indústria e Comércio, administrador regional do Recanto das Emas, diretor da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e diretor de Controle e Planejamento do Banco de Brasília (BRB).