Jornal Correio Braziliense

Politica

Quadrilha que fraudava INSS desviou dinheiro para campanhas políticas

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A quadrilha que fraudava concessões de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em cidades do Norte Fluminense desviou parte do dinheiro irregular para campanhas políticas, informou a Polícia Federal (PF). O esquema, desbaratado nesta segunda-feira, resultou na prisão de 31 pessoas, entre vereadores, funcionários do INSS, médicos e advogados. As fraudes eram praticadas desde 2004, e o valor desviado pode chegar a R$ 30 milhões. Até o momento, a PF contabilizou fraudes que somam R$ 11 milhões. De acordo com o superintendente da PF no Rio de Janeiro, Valdinho Caetano, a prática já era comum na cidade de Bom Jesus do Itabapoana, núcleo da quadrilha. Ele estima que um número expressivo de pessoas está envolvido no esquema. O Ministério Público Federal (MPF) estima que até 10% da população de Bom Jesus do Itabapoana possa ter se beneficiado da fraude. "A coisa era tão comum que nas escutas telefônicas feitas, um médico alerta um político que a prática era visível e que iria acabar em prisão", afirmou o delegado. O esquema consistia na concessão de auxílios-doença e aposentadorias por invalidez a pessoas em condições de saúde normais. Alguns dos envolvidos no esquema trabalhavam em órgãos públicos da cidade. Segundo Caetano, o valor recebido de forma indevida era repartido entre membros da quadrilha e os beneficiados de forma irregular. "Além disso, o esquema tinha viés político. O dinheiro era desviado para campanhas, e isso é um complicador", observou o delegado. As investigações foram iniciadas em abril de 2007, depois de a força-tarefa formada pela PF e o INSS constatar uma alta incidência de concessões por invalidez na região. O esquema se estendia a outras cidades da região, como São José do Calçado e Apiacá. Entre os presos, estão três vereadores - entre os quais o presidente da Câmara de Bom Jesus do Itabapoana, João Batista Chaves Magalhães (PMDB) - dois ex-vereadores, além do secretário municipal de Apiacá, Crebylon Moreira de Farias, conhecido como Binho e o chefe da gerência de benefícios do INSS em Campos (RJ), o médico perito Joguimar Moreira dos Santos. Os dois vereadores envolvidos no esquema são servidores do INSS, e segundo a PF, eles utilizaram o esquema para cooptar votos. Valdinho Caetano informou que a PF está fazendo o levantamento de todas as pessoas envolvidas no esquema, que serão denunciadas e responderão na Justiça.