Quatro anos depois de perder a Prefeitura de São Paulo, a mais importante do país, o PT está confiante de que terá um desempenho eleitoral superior ao de 2004, quando elegeu cerca de 400 prefeitos, mas colheu um resultado aquém do esperado nas capitais. Para o cientista político Alberto Carlos de Almeida, do Instituto Análise, autor do livro A cabeça do eleitor, o otimismo tem fundamento: o PT deve eleger cerca de 15% dos prefeitos do país, duplicando o número de cidades que administra, embora, como em 2004, predomine o crescimento em pequenos e médios municípios.
O maior trunfo petista é a ex-ministra do Turismo Marta Suplicy, que lidera a disputa em São Paulo e pode voltar à prefeitura favorecida pelo confronto entre o candidato à reeleição Gilberto Kassab (DEM) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). Em 2004, Marta foi derrotada pelo atual governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que fez da gestão municipal um trampolim para chegar ao Palácio dos Bandeirantes. Agora, Marta adota a mesma estratégia, mas pode alçar vôos mais altos em 2010 se ganhar a eleição, pois passaria a ocupar o primeiro lugar na fila de possíveis candidatos petistas à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
;Olhe a trajetória do PSDB (veja o gráfico abaixo). Depois que Fernando Henrique Cardoso se tornou presidente, teve um crescimento enorme. Isso aconteceu logo no primeiro mandato de FHC porque não havia restrições à mudança de partido. No PT, existiam tais restrições quatro anos atrás. Hoje, não há mais. Exemplo: em Belford Roxo (RJ), o candidato do PT, que tem 80% de chances de vencer, é o Dr. Alcides. Ele nunca teve nada a ver com o PT, mas agora está no partido e tende a vencer porque a prefeitura está muito mal avaliada. Isso está ocorrendo em outras partes do Brasil;, afirma Almeida .
Derrotas de peso
Nas últimas eleições municipais, o PT elegeu nove prefeitos de capitais, mas perdeu a jóia da coroa, a prefeitura paulistana, e a emblemática Prefeitura de Porto Alegre, onde nasceu o ;modo petista de governar;. Agora, o partido luta para se recuperar nas grandes cidades. Em São Paulo, houve empenho direto do presidente Lula para garantir a retirada da candidatura do deputado Aldo Rebelo (PCdoB) e, em conseqüência, o apoio de PCdoB, PDT e PSB a Marta, que estava isolada.
O maior problema do PT nas eleições é o de sempre: o hegemonismo, que dificulta alianças nos estados. Candidatos que poderiam ser competitivos acabam isolados porque, em outras localidades, a legenda insiste em lançar nomes sem chances de vitória, deixando de compor com aliados tradicionais. Foi o que ocorreu no Rio de Janeiro com o petista Alexandre Molon, cuja candidatura foi oficializada ontem. Devido à disputa com o PMDB no interior fluminense, Molon perdeu o apoio do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB). Mesmo assim, o PT insiste na candidatura de Molon, que ainda não decolou, e deixa de apoiar a ex-deputada Jandira Feghali (PCdoB), segunda colocada nas pesquisas.
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