A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), substituiu o tom crítico dos últimos dias pelo agradecimento ao governo federal por ter dado o aval a empréstimo do Estado junto ao Banco Mundial (Bird), e em especial, aos senadores Pedro Simon (PMDB-RS), Heráclito Fortes (DEM-PI) e Gim Argello (PTB-DF), por terem mantido a sessão plenária aberta à espera da chegada da mensagem que autoriza a operação. Yeda observou que a análise dos documentos exigiu mais de um ano de trabalho e, no processo, foram levantadas dúvidas sobre a possível "contaminação" da situação política do Estado sobre o contrato.
O governo gaúcho vive crise política desde que foi divulgada, no dia 6 de junho, gravação de diálogo entre o vice-governador Paulo Afonso Feijó (DEM) e o então chefe da Casa Civil, Cézar Busatto (PPS), em que o ex-secretário aborda financiamento de campanha com uso de estatais. "O trabalho não terminou", disse Yeda, ao acrescentar que a cada dia surgem "fatos novos no contrato". "A notícia conjunta deste trabalho do governo federal e estadual dá tranqüilidade ao Rio Grande do Sul e ao Brasil", afirmou.
Ela previu que a votação da proposta na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, para onde foi enviada a mensagem, provavelmente não será feita na próxima semana e disse que o governo estará "o tempo todo disponível" em Brasília para dirimir qualquer dúvida sobre a operação. Na avaliação da governadora, a contratação do empréstimo com o Bird complementa ações na área financeira, como o aumento de capital do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul), feito no ano passado.
O governo gaúcho deve contratar US$ 1,1 bilhão junto ao Bird. Os recursos serão usados para pagar dívidas com encargos mais elevados. Nessa substituição, a Fazenda gaúcha espera economizar entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões por ano. A melhora do perfil do endividamento não atingirá o contrato de rolagem da dívida mobiliária assinado pelo Rio Grande do Sul com a União em 1998, quando vários Estados renegociaram estes débitos.