Senadores da base aliada do governo e da oposição criticaram nesta segunda-feira o "recesso branco" decretado na Casa Legislativa nesta semana em conseqüência das festas juninas e das convenções partidárias para as eleições de outubro. Com os corredores do Senado vazios, os poucos parlamentares que compareceram à Casa nesta segunda-feira demonstraram insatisfação com a paralisia nas votações do plenário determinada pelo presidente Garibaldi Alves (PMDB-RN), com o aval dos líderes partidários.
"Eu acho um absurdo. As festas juninas são tradição em poucos Estados do Nordeste, mas para a população o dever do parlamentar é estar no Congresso atuando. Se levarmos em conta as quadrilhas que existem no país, não apenas as juninas, nunca mais vamos trabalhar, já que tivemos mensalão, sanguessugas, cartões corporativos", reagiu o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
O tucano disse que a "desculpa´ das convenções partidárias para a escolha dos candidatos nas eleições municipais também não "cola", uma vez que ocorrem sempre nos finais de semana. "Essa desculpa é pior ainda, nenhum partido realiza convenções no meio da semana. Além disso, só teremos três senadores candidatos a prefeitos".
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que seria "apropriado" para o Senado realizar votações no plenário nesta semana em vez de desgastar sua imagem com a folga junina. "O Senado estaria se fortalecendo e melhorando sua imagem se não suspendesse as sessões nesta semana. Se as festas juninas são tão importantes para os senadores nordestinos, eu não vejo razão para suspender a semana inteira de trabalhos já que o São João será só na terça-feira", afirmou Suplicy.
O líder do PMDB, Vadir Raupp (RO), evitou criticar a "folga junina" porque participou da reunião de líderes com Garibaldi em que o recesso branco ficou acertado. Mas defendeu que entre agosto e outubro - quando o Congresso também terá os trabalhos suspensos em conseqüência das eleições municipais - os senadores trabalhem ao menos às terças e quartas feiras.
O senador Romeu Tuma (PTB-SP) disse que o Congresso deveria trabalhar esta semana uma vez que os parlamentares reclamam sistematicamente da falta de oportunidade de votarem projetos prioritários - diante do excesso de medidas provisórias que trancam a pauta da Casa.
"Eu estou aqui, mas o recesso não é satisfatório. A gente reclama do excesso de medidas provisórias, mas não abre a pauta para votação. Como a decisão foi dos líderes, eles mandam mais do que a gente", afirmou.
Com o recesso branco, os senadores estão liberados para ficar fora de Brasília até sexta-feira, sem cortes em seus salários. Na prática, quando retornarem ao Congresso, terão poucos dias de atividades, já que entre os dias 17 e 31 de julho será o período de recesso legislativo e, em seguida, as campanhas eleitorais municipais.
Garibaldi disse, no entanto, que vai insistir para que a Casa vote as Propostas de Emenda Constitucional (PECs) dos precatórios, do fim do voto secreto, além de outros temas "relevantes" para a Casa antes do início do recesso parlamentar. Ao contrário do Senado, na Câmara, o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), avisou que não vai haver recesso branco nesta semana, com direito a corte nos salários dos ausentes. Chinaglia pretende fazer sessões com votações em plenário, apesar do esperado esvaziamento da bancada nordestina em razão das festas juninas.