Mais 11 pessoas foram presas nesta sexta-feira na operação Higia, da Polícia Federal, realizada no Rio Grande do Norte e na Paraíba, que também deteve o assessor parlamentar Lauro Maia, filho da governadora do RN, Vilma de Faria (PSB). A operação foi criada para desarticular um esquema que movimentou cerca de R$ 36 milhões em contratos de prestação de serviços terceirizados de saúde pública em Natal.
O superintendente regional da Polícia Federal no RN, Hélio Sant'Anna, informou que órgãos como a Receita Federal, Controladoria Geral da União e os Ministérios Público Federal e do Estado participaram das investigações. Antes da ação de hoje, a Polícia Federal apreendeu R$ 35 mil em posse de uma das pessoas envolvidas, que não teve o nome revelado durante a entrevista coletiva na sede da PF em Natal. Uma procuradora do Estado também cooperava com o esquema, instruindo o trabalho do grupo ao emitir "pareceres graciosos em favor do esquema", destaca Sant'Anna.
Segundo Caio Bezerra, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários da Polícia Federal no RN, a quadrilha atuava em contratos de terceirização de serviços de mão-de-obra, manutenção e limpeza hospitalar. As investigações começaram há mais de dois anos. Um dos contratos investigados foi o de locação de mão-de-obra para o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) Metropolitano com dispensa de licitação. "Desde 2005, os contratos são renovados por meios ilícitos, com um custo mensal de R$ 800 mil", destaca Bezerra.
Erick Wilson Pereira, advogado de Lauro Maia, confirmou a prisão do filho da governadora e disse que ainda hoje deverá impetrar habeas-corpus em favor do acusado. "O que há contra Lauro é apenas uma informação que é parte de um depoimento da ex-candidata a vereadora em Natal Jane Alves". O advogado considera desnecessária a prisão temporária de seu cliente. Ele disse que os policiais levaram o computador e alguns documentos referentes ao Imposto de Renda do assessor parlamentar.
O superintendente da PF disse que não existe nenhum indício que ligue a governadora do Estado ao esquema. "Não recebi nenhum telefonema da governadora sobre qualquer providência referente ao caso", afirmou Sant'Anna. De acordo com ele, as pessoas presas estão direta ou indiretamente ligadas ao esquema criminoso. "A Controladoria Geral da União é que poderá mais a frente dizer o quanto desses serviços contratados e pagos foram realmente realizados, quantos trabalhadores foram contratados. A questão é que o esquema tinha fraudes", acrescentou o superintendente.