O presidente da CPI dos Cemitérios, Rogério Ulysses (PSB), toma depoimento do empresário Francisco Moacir Pinto, dono da concessão dos cemitérios no DF, no final da manhã desta quinta-feira (12/06). O parlamentar apresentou 81 fotos sobre as condições de manutenção das seis unidades administradas pela empresa de Moacir. As imagens registraram trechos de áreas comuns sem asfaltos, pichação, túmulos depredados, mato alto, cupins, cruzes sem data, grama que esconde calçada. Rogério Ulysses ironizou o empresário, ao dizer que as fotos revelam o que ;há de mais moderno;; em termos de cemitério. O comentário diz respeito ao discurso do depoente que sempre lembra a intenção de trazer experiências européias e americanas para a realidade dos cemitérios no DF. Ao explicar as fotos, Moacir voltou a responsabilizar jardineiros e marmoreiros. ;É preciso separar o que é da conta dos jardineiros e dos marmoreiros;;, acusou o empresário. Polêmica A concessão da administração dos cemitérios desperta controvérsias desde a licitação em 2002. Até então, esse tipo de serviço era de responsabilidade do poder público, que terceirizava praticamente todas as etapas dos funerais. O consórcio vencedor da concorrência era formado por três empresas: a Contil ; Construção e Incorporação de Imóveis Ltda., a Brasília Empresa de Serviços Ltda. e a Dinâmica Administração, Serviços e Obras Ltda. Essa última de propriedade da família da deputada distrital e atual secretária de Desenvolvimento Social, Eliana Pedrosa (DEM), à época, majoritária da sociedade. Foi a empresária, inclusive, quem procurou a parceria de Francisco Moacir, dono desde 2001 do crematório e do cemitério de Valparaíso de Goiás. A empresa de Eliana especializada em serviços gerais e segurança privada procurou Moacir sob o argumento de que precisava de um sócio com experiência no setor de cemitérios, um negócio muito específico e promissor. A parceria, no entanto, foi questionada poucos meses depois da assinatura do contrato com o governo de Joaquim Roriz. Em ação civil pública, quatro promotores de Justiça pedem a anulação do contrato alegando, entre outros problemas, que os empresários montaram uma nova empresa, a Campo da Esperança Serviços Ltda., para gerenciar o negócio. A firma, no entanto, foi constituído com capital social 14 vezes abaixo do mínimo previsto no edital de licitação. O processo tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Eliana Pedrosa não é mais sócia de Moacir. E de lá para cá, sua relação com o ex-parceiro tornou-se delicada. Desde o início do ano passado, ela comanda a secretaria responsável por patrulhar o serviço prestado pela empresa que ajudou a constituir. Até hoje, no entanto, a versão do rompimento é nebulosa. O empresário conta que Eliana ;abandonou o barco; quando o negócio pedia novos investimentos. E diz ainda que desde o momento em que passou de sócia a fiscalizadora, apertou o cerco. Não permitiu reajustes, fez novas exigências e, segundo ele, protege os jardineiros. Ele insinua que a família de Eliana Pedrosa tem intenções de provocar a rescisão do contrato e comandar uma nova A secretária rebate e diz que, simplesmente, tem se empenhado em fazer um bom trabalho em nome do interesse público. Exige bom trabalho independentemente de quem esteja à frente da concessão e já admitiu defender a retomada do serviço se for comprovada a ineficiência no atendimento da população. Mas garante que não tem nenhum interesse empresarial e jamais voltaria a atuar no ramo de cemitérios.