Na análise dos documentos apreendidos durante a Operação Santa Tereza, a Polícia Federal descobriu e-mails relacionados à compra da VarigLog. As mensagens eletrônicas foram trocadas entre o empresário Marcos Vieira Mantovani e o advogado Ricardo Tosto, que foram presos na ação da PF acusados de envolvimento em desvios de dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Tosto ocupava o cargo de conselheiro administrativo da instituição até o fim de abril, enquanto que Mantovani era proprietário da consultoria que fazia as intermediações com prefeituras interessados em empréstimos públicos. Além deles, foram detidas oito pessoas, entre elas, o lobista João Pedro de Moura, ex-assessor do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força.
Segundo investigadores que atuam no caso, os e-mails tinham poucos comentários e foram trocados no ano passado. Neles, o empresário e Tosto comentavam notícias sobre a transação envolvendo a VarigLog e a Gol. A Polícia Federal não deverá fazer qualquer apuração sobre o fato, mas deverá encaminhar as informações colhidas pela análise pericial para o Ministério Público Federal em São Paulo, que atua tanto no caso do BNDES, quanto no da Varig. ;Por enquanto não vemos relação com os desvios de financiamentos do BNDES. Mas, se durante o exame dos demais documentos aparecer um fato semelhante, vamos averiguá-lo;, informa um delegado ligado ao caso.
Ponte
Mantovani é a ponte entre os casos Paulinho e Varig. Há três anos, o também empresário Marco Antonio Audi disse a pessoas próximas que tinha interesse em comprar a Varig. No momento em que a companhia aérea entrou em processo de recuperação judicial, a partir de junho de 2005, Audi pediu ajuda ao amigo Marcos Mantovani para encontrar sócios para comprar a VarigLog, a subsidiária da Varig responsável pelo transporte de cargas.
Foi aí que Mantovani apresentou Audi a Lap Chan, o chinês que representava no Brasil os interesses do fundo de investimentos norte-americano Matlin Patterson. Juntamente com os empresários Marcos Haftel e Luiz Eduardo Gallo, Audi formou uma sociedade com o chinês e compraram a VarigLog por US$ 48,2 milhões meses depois. Os três sócios brasileiros, porém, são suspeitos de serem laranjas do fundo de investimentos administrado pelo chinês.
O atual presidente do BNDES, Luciano Coutinho, já atuou para salvar a Varig. Antes de assumir o cargo no banco no ano passado, Coutinho trabalhou como consultor da TAM no início do governo Lula. A TAM queria fundir-se com a Varig com recursos do banco estatal, mas depois que constatou que possivelmente não iria ter o controle da Varig, porque o BNDES investiria a maior parte dos recursos ; o que, na prática, transformaria a companhia aérea em uma estatal.