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Politica

Pedetista sairá de Conselho de Ética para não julgar Paulinho

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Às vésperas da instalação do processo por quebra do decoro parlamentar contra o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical (PDT-SP), o deputado Dagoberto Nogueira (PDT-MS) decidiu se afastar do Conselho de Ética da Câmara para não julgar o colega. Ele argumenta que, por questões "éticas", não pode condenar nem absolver Paulinho pelas suspeitas de participar de desvio do BNDES. Dagoberto disse que, se votar a favor da cassação de Paulinho, vai sofrer desgastes no PDT. Ao mesmo tempo, teme que sua imagem fique arranhada junto à opinião pública se absolver o parlamentar. "Eu acho que, de qualquer jeito, eu perco. Eu não vou participar dessa votação dele", Dagoberto afirmou, no entanto, que pretende participar do processo de investigação antes de declarar-se impedido de permanecer no conselho. Se o deputado deixar o conselho, será substituído por um suplente indicado pelo bloco PDT/ PSB/PC do B/PMN. O deputado disse estar disposto a mudar de idéia somente se surgirem "provas contundentes" contra Paulinho. "Se tiver coisas concretas, não me afasto e voto pela cassação." Três relatores O presidente do Conselho de Ética, Sérgio Moraes (PTB-RS), confirmou que vai instaurar amanhã o processo contra Paulinho. Ele ainda não escolheu o relator do caso, mas não descarta designar uma comissão de três deputados. "Se o consenso for com três, serão três relatores. Se for com um, será um relator. Eu não falei com ninguém porque só vou falar desse assunto em público, na reunião da comissão." Moraes fez duros ataques ao corregedor da Câmara, Inocêncio Oliveira (PR-PE), que ingressou com representação contra ele pela demora na instauração do processo contra Paulinho. "Eu quero saber do Inocêncio por que durante todo esse tempo que [o conselho] não tinha presidente ele se calou? Estava bom para ele, quanto mais tempo demorasse era melhor para ele não levar o processo adiante." Moraes também atacou a imprensa ao criticar a cobertura do processo movido pelo corregedor. "Vocês não vão bater no Inocêncio? Tem vários processos no Conselho de Ética, antes de eu ser presidente, que levavam cinco, seis dias para instaurar inquérito e nomear relatores, com todo aquele aparato. (...) Sou ingênuo, mas não sou tanto. Não estou com medo de ninguém. Podem bater quanto quiser que eu vou ficar em pé." Procurado pela Folha Online, Inocêncio não foi encontrado para comentar as declarações do colega.