Na metade do segundo ano de sua gestão, o governador José Roberto Arruda (DEM) já passou por situações difíceis: demitiu, derrubou casas, tirou as vans de circulação e impediu invasões de áreas públicas. Mas agora alcançou seu melhor momento na administração da capital do país. Em maio, Arruda atingiu a sua maior nota desde janeiro de 2007 quando tomou posse no Centro Administrativo de Taguatinga, o Buritinga. Uma pesquisa do instituto Soma Opinião & Mercado indica que 74% da população aprova o atual governo.
A pesquisa ouviu 3 mil pessoas no Distrito Federal, durante o mês de maio. A margem de erro é de três pontos percentuais. O desempenho favorável vem crescendo desde outubro do ano passado. O levantamento mostra que a popularidade de Arruda é ainda maior nos níveis mais altos de escolaridade. Entre as pessoas que cursaram universidade, a aprovação do governo atingiu o percentual de 88% ; ou seja, apenas 11% dos moradores nessa faixa, as classes A e B, desaprovam a atual administração.
Quando se leva em conta os que estudaram até o ensino médio, o resultado também é positivo. Três em cada quatro moradores do DF aprovam as medidas adotadas pela administração Arruda, já que o índice apurado pelo instituto chegou a 75% da população. Mesmo nas classes D e E, onde o governador tem o pior desempenho, a desaprovação não chega a ser preocupante. Pelo contrário, é motivo de comemoração. Entre os que cursaram apenas o ensino fundamental, Arruda é aprovado por 68% dos entrevistados. Foi nesse setor que o democrata mais cresceu.
Proibição
Por conta das primeiras medidas de impacto, adotadas no ano passado logo depois da posse, o governo teve muitos problemas nessa parcela da população. Ao demitir todos os comissionados da estrutura administrativa, extinguir o Instituto Candango de Solidariedade (ICS) ; que deixou 8 mil pessoas desempregadas ; e proibir a circulação de vans nas vias do Distrito Federal, Arruda mexeu com o dia-a-dia de muita gente.
O impacto maior ocorreu entre os mais pobres. Resultado: em março de 2007, segundo o instituto Soma, a reprovação ao governo chegou a 63% nas classes D e E. Ao se analisar o desempenho geral, no pior momento, Arruda tinha aprovação de 40%, contra 58% dos que não estavam satisfeitos. Mesmo entre quem tem formação universitária, a rejeição, nesse período, ficou alta: 40% não estavam satisfeitos.
Nessa fase, Arruda teve muitos problemas políticos na sua base. Com receio da reação das medidas adotadas pelo governo, deputados distritais tinham dificuldades em defendê-las publicamente. Paradoxalmente, Arruda conseguiu aprovar muitos projetos na Câmara Legislativa porque contava com o apoio de deputados da oposição. Na avaliação do secretário de Planejamento, Ricardo Penna, o quadro agora é totalmente diferente. ;As medidas duras adotadas no primeiro ano foram necessárias para enxugar a máquina e cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, para que o governo pudesse voltar a investir;, explica.
Novas ações
Desde o ano passado, o GDF iniciou um cronograma de obras, lançado semanalmente no Governo nas Cidades e Arruda tem percorrido o Distrito Federal, quase diariamente, para apresentar novas ações. Aliado do democrata, o presidente da Câmara Legislativa, Alírio Neto (PPS), avalia que o governo possui boa performance na parcela de maior escolaridade porque tem um perfil de legalidade. ;Arruda não confunde governo com Estado e tem adotado ações legalistas. As classes A e B aprovam medidas contra pirataria, contra a ocupação de área pública, de retirada dos camelôs das vias públicas, por exemplo;, avalia. ;O grande desafio é conquistar as classes D e E. Isso ele vai alcançar quando conseguir dar uma marca própria aos programas sociais;, acredita Alírio.
Essa é a meta que o governador tem buscado. Para isso, ele mexeu na equipe social e tem trabalhado uma nova imagem nos programas sociais. Na semana passada, o GDF anunciou a unificação das ações nessa área e a ampliação da rede de atendimentos. Será criada a Bolsa Social, que reunirá os programas Renda Minha, Renda Solidariedade e Cesta Verde.
O presidente regional do PT, Chico Vigilante, não despreza o desempenho de Arruda, mas diz que a alta popularidade do governo pode não se refletir nas eleições de 2010. ;O Cristovam (Buarque) atingiu esse patamar de aprovação em 1998 e perdeu a eleição para o (Joaquim) Roriz;, lembra o petista que faz oposição a Arruda.
Veja o gráfico da pesquisa no Correio Braziliense deste domingo (01/06)