Revelações feitas pelo gerente de serviços funerários ; órgão subordinado à Secretaria de Desenvolvimento Social do GDF ; à CPI dos Cemitérios reforçam as evidências de que no Distrito Federal há uma máfia instalada nos serviços relacionados à morte. No cargo desde maio de 2007, João dos Santos Horvath Júnior prestou depoimento ontem à Câmara Legislativa. As declarações do servidor foram divididas em dois momentos. No primeiro deles, ele falou em público sobre os problemas da área que representa oficialmente. Em uma segunda fase, essa a portas fechadas, o gerente demonstrou ter conhecimento de graves irregularidades praticadas no setor. Entre elas, a existência de uma ;máfia do branco; e de tráfico de órgãos para universidades. Surpresa com o fato, a secretária Eliana Pedrosa disse que abrirá um processo administrativo e recomendou que o subordinado entregue o cargo.
A primeira reunião realizada no plenário da Câmara Legislativa durou uma hora e meia. Durante esse tempo, os distritais da CPI dos Cemitérios questionaram Horvath Júnior sobre exumações suspeitas, má conservação dos cemitérios, falhas na execução do contrato de concessão, além de brechas na regulamentação prevista para as funerárias, como a demora no lançamento do edital para licitação do serviço funerário. O gerente justificou as fragilidades com base na falta de instrumentos para uma fiscalização mais efetiva. Informou, por exemplo, que apenas cinco meses depois de tomar posse no cargo, já em outubro do ano passado, foi iniciado um ;trabalho regular de fiscalização;.
Passava um pouco do meio-dia desta quinta-feira (29/05), quando Horvath Júnior pediu aos integrantes da CPI para falar em particular. O servidor contou que ele e a família têm sido vítimas de ameaças, apesar de reforçar o teor técnico de sua atuação à frente da gerência vinculada à secretaria. O pedido do depoente foi aceito e houve uma segunda reunião que durou 45 minutos no corredor das comissões. Foi nesse momento que o gerente de serviços funerários falou sobre a existência de uma ;máfia do branco;. A expressão, segundo especificou, refere-se a funcionários de hospitais que mantêm uma rede de informação com os donos de funerárias em troca de comissões.
A denúncia da existência de papas-defunto oficiais já era conhecida dos técnicos da CPI. Em uma das inspeções, realizada no Hospital Regional de Ceilândia, os parlamentares foram motivados por suspeitas de que funcionários do órgão indicavam determinadas empresas em troca de quantias entre R$ 50 e R$ 100. As declarações do funcionário da Secretaria de Desenvolvimento reforçam a versão de que mesmo diante das investigações oficiais, a prática é bastante comum.
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