O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados elege hoje o presidente que irá conduzir o processo contra o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) por quebra de decoro parlamentar. A vaga ficou aberta no começo do mês em razão da morte do deputado Ricardo Izar (PTB-SP).
A Folha conversou com 12 dos 15 deputados do Conselho de Ética e todos disseram que faltam elementos para opinar pela cassação ou não de Paulinho. A maioria, porém, disse que as acusações são graves e que, se for comprovada a participação do deputado na fraude no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), ele será punido.
"Se todas essas denúncias se comprovarem, ele vai dançar. Não me sinto constrangido por ser do mesmo partido que Paulinho. Se o relator do conselho sugerir a cassação é porque há elementos que provam o envolvimento e a quebra de decoro e eu votarei com ele. Acho que teria sido melhor Paulinho ter se licenciado do PDT, mas acredito que no decorrer do trabalho do conselho isso vai ocorrer", disse o deputado Dagoberto Nogueira (PDT-MS).
Para o deputado Moreira Mendes (PPS-RO), se não existissem indícios fortes da participação de Paulinho no esquema, o corregedor da Casa arquivaria as denúncias em vez de encaminhar o processo ao Conselho de Ética com a concordância dos sete integrantes da Mesa Diretora. "O caso dele é muito grave", disse.
O deputado Wladimir Costa (PMDB-PA) afirmou que a atuação da Polícia Federal é de "alto nível" e que não cometeria erros, envolvendo Paulinho sem ter provas.
Disputa.
Dois candidatos estão inscritos para disputar a presidência do Conselho de Ética: Sérgio Moraes (PTB-RS) e Paulo Piau (PMDB-MG). Há ainda a possibilidade do Leonardo Monteiro (PT-MG) também se candidatar. Além disso, surgiram articulações para que José Eduardo Cardozo (PT-SP) seja escolhido por unanimidade para o cargo, pois perdeu para Izar por dois votos de diferença na última eleição do conselho.
Cardozo saiu do colegiado, mas se houver consenso voltará em uma das duas vagas do PT.
Como o corregedor-geral da Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE) apresentou parecer pela cassação de Paulinho e houve concordância da Mesa Diretora, caberá ao novo presidente instaurar o processo, que será analisado pelos 15 integrantes do colegiado.