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Politica

Oposição tenta hoje acareação entre envolvidos para chegar a Erenice

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A CPI mista dos Cartões fará uma sessão nesta terça-feira (20/05) com roteiro provável, mas que pode ter um final inesperado caso a base do governo vote a favor de uma acareação entre André Fernandes e José Aparecido Nunes Pires. Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), pretende dizer hoje à CPI que foi Erenice Guerra quem mandou fazer o dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. José Aparecido, no entanto, não está disposto a confirmar essa informação e deve repetir aos parlamentares a versão de que enviou o dossiê por engano para Fernandes via e-mail no dia 20 de fevereiro. Diante disso, a oposição quer uma acareação entre os dois no fim dos depoimentos. ;Se for necessário, temos que fazer isso;, defendeu a presidente da CPI, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS). O problema é que a base do governo, maioria na comissão, não sinaliza qualquer pretensão de topar colocá-los frente a frente, embora haja um requerimento do deputado governista Carlos Willian (PTC-MG) que pede isso. Para o Palácio do Planalto, o assunto tem que ser encerrado nesta terça-feira com os dois interrogatórios. O governo espera que José Aparecido repita o depoimento dado à Polícia Federal na última sexta-feira, quando não comprometeu Erenice e apresentou a história de que enviou sem querer o dossiê ao assessor do senador tucano. ;Acreditamos que ele (José Aparecido) dirá a verdade, repetirá o depoimento dado à polícia;, afirmou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Em cima desse cenário, o Congresso vai parar para ouvi-los. Nesta segunda-feira (19/05), Fernandes informou a amigos que levará à CPI provas de que não alterou o arquivo enviado por José Aparecido. E que o amigo, ex-secretário de Controle Interno da Presidência da República, revelou em conversas reservadas que o material com despesas do governo de Fernando Henrique estava sendo feito sob ordens de Erenice Guerra, secretária-executiva da Casa Civil e braço direito da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Ciente das pretensões de Fernandes, a presidente da CP decidiu que ele será ouvido antes de José Aparecido. A estratégia é confrontar o ex-secretário da Presidência com as declarações do assessor de Álvaro Dias. A oposição quer de qualquer modo tirar do ex-funcionário do Palácio algo que comprometa Erenice. Inquérito Aparecido, aliás, sabe que não poderá apresentar algo que contrarie o que ele mesmo disse à polícia. Isso porque antes de começar a ouvi-los, os integrantes da CPI terão acesso ao depoimento dos dois à PF. Como o inquérito segue sob segredo de Justiça, essa parte da sessão terá que ser reservada, sem a presença dos jornalistas. Segundo Marisa Serrano, os parlamentares não poderão ter cópias nem anotar trechos do que eles disseram. Apenas serão informados por ela do que está escrito no documento enviado na sexta-feira pelo delegado federal Sérgio Menezes, responsável pela investigação. Menezes pode comparecer à CPI nesta terça-feira. Ele pediu aos assessores da comissão um lugar especial para acompanhar de perto o que Fernandes e José Aparecido dirão aos parlamentares. Na sexta-feira, o delegado indiciou José Aparecido por quebra de sigilo funcional. Tanto o delegado quanto a oposição miram o foco agora no secretário de Administração da Casa Civil, Norberto Timóteo Queiroz, que teria repassado o dossiê a José Aparecido. DEM e PSDB querem convocá-lo para depor na CPI, e a PF deve ouvi-lo nos próximos dias.