Jornal Correio Braziliense

Politica

Minc gera polêmica com sua primeira entrevista

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Causou desconforto no Palácio do Planalto a primeira entrevista do novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, nesta sexta-feira (16/05) em que ele disse ter aceitado o convite, ;em tese;, depois das garantias dadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Minc chegou a dizer que, se sua passagem por Brasília der errado, ele voltará para o Rio, já que tem mandato de deputado estadual. Na avaliação de um assessor de Lula, houve um tom arrogante nas declarações de Minc. A percepção no núcleo do governo é que Minc deveria ter sido mais cuidadoso na entrevista, dada antes mesmo da conversa pessoal com Lula, prevista para segunda-feira (19/05). Um interlocutor do presidente Lula chegou a atribuir as declarações de Minc ;a seu jeito folclórico;. Nesta sexta-feira, no Planalto, a entrevista chegou a ser comparada com a do ex-ministro de Ciência e Tecnologia Roberto Amaral, que, em sua primeira declaração à imprensa como integrante do primeiro escalão, defendeu que o Brasil tivesse o domínio da tecnologia da bomba atômica. Mas a estratégia do governo foi de minimizar as declarações de Minc para evitar nova polêmica na área ambiental. "Cada um tem seu estilo. Ele estava em Paris e deu uma declaração diferente. Mas não muda nada", disse na sexta-feira o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. "Fico feliz que esteja motivado. Marina enfrentou dificuldades e foi superando-as uma a uma", complementou. As declarações de Minc irritaram ruralistas e agradaram a ambientalistas. Para o Greenpeace, o novo ministro, ao seu estilo, tentou marcar posição e combater uma possível sensação de vitória do agronegócio com a saída de Marina. "Ele tem o seu estilo, mas impôs condições publicamente ao presidente Lula. Ele emparedou o presidente. Se ele chegasse ao cargo sendo visto como uma alternativa do lado de lá, teria muita dificuldade de liderar o ministério, que tem como função principal defender o meio ambiente, e não devastá-lo ", disse Paulo Adário, coordenador de Amazônia do Greenpeace. Para ruralistas, Minc parece disposto a pirotecnia. Eles afirmam que o novo ministro não pode ter preconceito nem atuar de forma ideológica, acusação comum à ex-ministra. Na entrevista, Minc disse que ;não abrirá as pernas para a Amazônia virar um quintal;. Os ruralistas criticaram principalmente ;a falta de conhecimento; do ministro. O deputado Abelardo Lupion (DEM-PR), da bancada ruralista, foi ácido com Minc. "Ele é um ecologista de Copacabana. O que se pode esperar de um sujeito que não conhece o Brasil?", indagou. Na entrevista, Minc disse que Lula não o fará pagar um 'Minc leão dourado' no governo e que, se sentir que as coisas não andam como esperava, voltará à Assembléia Legislativa. O presidente da Comissão de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim, criticou. "Ele ainda não é ministro para estar tão nervoso assim. Primeiro é preciso tomar posse, depois ouvir os setores envolvidos, ter boa vontade em conhecer uma causa que não conhece a fundo ", sugeriu.