O delegado da Polícia Federal Sérgio Menezes, responsável pelo inquérito que apura o dossiê com gastos da gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ouve nesta sexta-feira (16/05) o depoimento do ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil José Aparecido Nunes Pires.
Aparecido chegou à Superintendência da PF, em Brasília, pouco depois das 10h, acompanhado de seus advogados para ser ouvido pelo delegado Sérgio Menezes, responsável pelo inquérito. Vigilantes da PF tentaram impedir que Aparecido fosse filmado em sua chegada ao local. O ex-secretário não quis falar com a imprensa antes de prestar depoimento.
Ele é acusado de encaminhar o dossiê para André Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR). O depoimento é sigiloso, uma vez que o inquérito tramita em segredo de Justiça. A PF já conseguiu identificar o responsável por repassar ao ex-secretário o dossiê. Menezes disse ontem que as investigações já apontaram o computador do qual o dossiê foi encaminhado a Aparecido. Mas ele manteve o nome do servidor sob sigilo.
O delegado disse apenas ser "possível" que o servidor seja alguém subordinado a Aparecido. Menezes já ouviu cerca de dez pessoas no inquérito que apura o dossiê - a maioria servidores da Casa Civil -, mas revelou que não pediu o indiciamento de nenhum deles até agora. O delegado ouviu nesta quinta-feira mais dois funcionários da Casa Civil.
Fernandes foi ouvido na última sexta-feira, em sigilo, quando reiterou a versão de que recebeu o dossiê por e-mail do então secretário da Casa Civil. A PF pretende cruzar os dados do computador de Fernandes com os de Aparecido para verificar se a versão dos dois servidores para o vazamento do dossiê é similar. Segundo Menezes, a Polícia Federal também quer investigar se Aparecido encaminhou o dossiê para outras pessoas, além de Fernandes. "Se há mais envios, a perícia vai identificar", disse o delegado. Silêncio.
O advogado de Aparecido, Luiz Maximiliano Telesca, disse que o secretário está disposto a responder a todas as perguntas de parlamentares durante o depoimento à CPI dos Cartões Corporativos, na próxima na terça-feira.
Segundo Telesca, o ex-secretário não está apreensivo com o depoimento, embora tenha ingressado com pedido de habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) para ter o direito de permanecer em silêncio - mas teve o pedido negado pelo Tribunal. "Não há temor. Ele vai responder a todas as perguntas", afirmou. A oposição acusa o ex-secretário de ter "sumido" nos últimos dias para ter tempo de criar uma versão capaz de inocentar a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) nas denúncias de vazamento de informações do dossiê.