Ao participar de reunião da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, no terreno da antiga sede da União Nacional dos Estudantes (UNE), no Rio, o ministro Tarso Genro comentou o bate-boca que teve ontem com o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), durante audiência pública na Câmara sobre a reserva indígena Raposa Serra do Sol. Sem citar nominalmente Bolsonaro, ele disse que o parlamentar tinha em seu poder um dossiê sobre o seu passado como militante socialista - "do qual muito me orgulho", disse o ministro.
Durante o evento desta quinta-feira na sede da UNE, Tarso Genro defendeu duas teses polêmicas, de questões que ainda não tiveram solução no governo federal. Para o ministro, é necessário abrir todos os arquivos do governo da época da ditadura. Mais polêmica, porém, foi a tese de que os torturadores devem, segundo ele, ser julgados - somente depois disso, teriam direito à anistia política. Ele insinuou também que os artigos sobre a ditadura que ainda são mantidos em sigilo vêm sendo usados por militares indevidamente.
Presente na solenidade, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, classificou de "interessante" a tese do ministro: ;Para que eu perdoe (os militares), tenho que saber a razão do perdão. Anistia não é amnésia;.