O deputado federal José Otávio Germano (PP-RS) negou ter conhecimento da fraude de R$ 40 milhões praticada contra o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) do Rio Grande do Sul entre 2003 e 2007, em depoimento prestado hoje, na condição de testemunha, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o assunto na Assembléia Legislativa. Os deputados da oposição ao governo do Rio Grande do Sul tentaram tornar evidentes as relações de Germano com três dos principais acusados pelo desvio, os ex-diretores do Detran Carlos Ubiratan dos Santos e Flávio Vaz Neto e o ex-diretor da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) Antônio Dorneu Maciel, todos ligados ao PP e atualmente afastados do partido.
O deputado do PP do Rio Grande do Sul disse que não foi o responsável pela indicação dos nomes aos cargos, ressaltando que isso era atribuição da legenda. Também sustentou que o Detran, vinculado Secretaria de Segurança Pública do Estado, que dirigiu tinha vida administrativa própria e que acompanhava as atividades da autarquia pelos relatórios da Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (Cage) e pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul (TCE-RS), que não apontaram a fraude.
O esquema irregular foi descoberto em novembro pela Polícia Federal (PF). Os investigadores descobriram que a Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia (Fatec), ligada à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), foi contratada pelo Detran, sem licitação, em 2003, para elaborar e aplicar provas de habilitação de motoristas. Os serviços eram repassados a empresas terceirizadas e os pagamentos, superfaturados. O lucro teria sido distribuído entre diretores das empresas, Fatec e Detran.