Jornal Correio Braziliense

Politica

Assessor de Álvaro Dias se coloca à disposição da CPI para depor

André Fernandes é acusado de ter recebido dossiê com gastos do ex-presidente FHC

O servidor público André Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), se colocou à disposição da CPI dos Cartões Corporativos para prestar depoimento nesta quarta-feira. Fernandes é acusado de ter recebido o dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), por e-mail, do secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires. Dias disse que seu funcionário está "à disposição" da CPI para esclarecer tudo o que for necessário, uma vez que o senador não considera crime receber um documento sigiloso. O tucano disse que não cometeu nenhuma irregularidade ao repassar o dossiê à imprensa depois de recebê-lo de seu assessor. "O vazamento ocorre na origem, lá no Palácio do Planalto, não aqui no destino. Me considero alguém que denuncia o crime, a falcatrua. Adotei a forma mais adequada para a denúncia, cabe a mim decidir como denunciar", afirmou. Dias disse que "uma coisa é divulgar o dossiê, outra é vazá-lo" - já que o documento foi elaborado pelo governo antes de ser encaminhado ao seu gabinete. O senador considera, porém, que Aparecido é apenas uma parte da estrutura montada pelo Palácio do Planalto para que o dossiê anti-FHC fosse elaborado politicamente para atingir o ex-presidente. "O nome mais importante não é do Aparecido, mas de que quem fez o dossiê. A pergunta é outra: quem fez e quem mandou fazer o dossiê", enfatizou. O tucano admitiu saber que o seu assessor tinha recebido o documento, mas reiterou que manteve o nome de Aparecido em segredo para preservar o sigilo da fonte que vazou o documento para o seu gabinete. "Claro que eu sabia [do dossiê], mas meu assessor me informou no corredor, não em meu gabinete. Eu pedi que ele [Fernandes] me mostrasse a peça do crime." Dias disse esperar que, assim como o seu assessor, Aparecido também compareça à CPI para explicar a montagem do dossiê. O senador reconheceu, no entanto, que o secretário da Casa Civil só será chamado para depor se os governistas estiverem dispostos a convocá-lo --uma vez que são maioria na comissão. "Nós não temos votos, a CPI é comandada pelo governo, que só faz o que quer. Se o governo entender que o Aparecido não vai ler a sua cartilha, aí vai rejeitar o requerimento." Votações. A presidente da CPI dos Cartões, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), prometeu colocar em votação amanhã os requerimentos de convocação de Fernandes e Aparecido. Apesar do assessor de Dias ter se mostrado à disposição para depor esta semana, os governistas trabalham para adiar o depoimento do secretário da Casa Civil. O Palácio do Planalto teme que o servidor possa revelar detalhes da montagem do dossiê se for pressionado pela oposição --especialmente por ser vinculado ao ex-ministro José Dirceu. O esperado "fogo amigo" no depoimento preocupa os governistas, uma vez que Aparecido não teria o compromisso de fidelidade a Dilma por ser aliado do ex-chefe da Casa Civil. O servidor também não estaria disposto a ser responsabilizado, isoladamente, pelo vazamento das informações do dossiê, por isso não descarta revelar detalhes da operação. "Eu já prestei depoimento à Polícia Federal e dei a minha contribuição. O André também está à disposição da CPI", encerrou Dias.