O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), defendeu nesta sexta-feira a convocação do secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, e do funcionário do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), André Fernandes, envolvidos no vazamento de informações que deu origem ao dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Na avaliação de Garibaldi, a denúncia do vazamento precisa ser "apurada com rigor".
"Se não houvesse um fato novo, a CPI estaria marchando para o seu final após o depoimento da ministra Dilma Rousseff [Casa Civil], mas agora que surgiu esse fato ele merece ser apurado com todo o rigor. A CPI deve inclusive solicitar [as investigações] à Polícia Federal", defendeu.
Na opinião de Garibaldi, as investigações são necessárias porque "não é permitido que se vasculhe, que se possa liberar documentos dessa natureza dentro do Palácio do Planalto impunemente".
O senador não considera que Dilma "mentiu" no depoimento à CPI quando afirmou que não existiu dossiê anti-FHC montado pela Casa Civil. "Eu não tenho na conta de mentirosa a ministra Dilma, que inclusive falou até quando não foi obrigada. Eu não culpo a ministra de maneira nenhuma, tem que se apurar e saber quem mentiu, quem vazou, tem que se apurar o fato, com isenção, com rigor, e tem que se punir esse fato", defendeu.
"Fogo amigo" Parlamentares da oposição atribuíram ao "fogo amigo" o envolvimento de José Aparecido no vazamento das denúncias - uma vez que o secretário da Casa Civil é militante histórico do PT e foi levado para a cargo por José Dirceu, o antecessor da ministra Dilma.
"Trata-se de fogo amigo e é preciso procurar quem é o lança-chamas. Essa de querer jogar tudo nas costas do ex-ministro José Dirceu é uma maneira de desviar o foco, essas questões não são questões passadas, são questões futuras, é o lançamento precipitado da candidatura da ministra Dilma", disse o senador Heráclito Fortes (DEM-PI).
O deputado Vic Pires (DEM-PA) também considera que o "fogo amigo" governista atribuiu a responsabilidade a um aliado de Dirceu. "Acho que isso é briga interna da Casa Civil, é fogo amigo", ressaltou.
Já o senador João Pedro (PT-AM) disse não acreditar que Dirceu tenha articulado o vazamento de informações para prejudicar Dilma - já apontada pelos governistas como virtual candidata à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Eu não tenho essa conclusão de que foi feito para atingir a ministra, o que foi feito desqualifica o trabalho da Presidência da República, da Casa Civil brasileira, então eu penso que esse roubo essa forma de como trabalhar documentos da Casa Civil tem que ser condenado, por todos nós oposição e governo. (...) Dirceu não tem nada com os fatos desse processo", afirmou.
Heráclito também considera que a divulgação do nome de Aparecido não isenta a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, de responsabilidade no vazamento das informações. Erenice foi apontada como responsável pela ordem para a confecção do dossiê.
"Não isenta. Ela cumpre ordens e tem que pagar o preço por ter concordado em fazer um serviço sujo, mas tem que se saber quem mandou. Se continuar assim, nós nunca vamos chegar aos verdadeiros culpados. Essa questão precisa ser apurada. Quem mandou fazer [o dossiê] é o primeiro passo. O segundo passo é por trás desse dossiê o que está, o que interessa, a serviço de quem foi feito", afirmou Heráclito.