Por mais que o vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (PCdoB), reafirme que sua candidatura ao posto máximo na prefeitura seja irreversível, o governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) ainda estaria empenhado em confirmar os comunistas na vice do pré-candidato do PT, João da Costa. O governador deixou pistas de que vem se movimentando para manter o PSB fora da vaga, evitando assim atrelar o seu nome e o de seu partido a uma eventual derrota na disputa deste ano, além de manter-se livre do prefeito João Paulo (PT) para tentar a reeleição em 2010.
A recente declaração de João da Costa manifestando vontade de ter uma mulher como sua vice foi interpretada como ;jogo de cena; por setores do próprio PT, uma vez que não há muitas opções nos partidos aliados. Os principais nomes do PSB passam longe do perfil exigido, entre eles o da renomada economista Tânia Bacelar, que dificilmente aceitaria a missão. A assistente social Amparo Araújo e Dora Pires (secretária da mulher na executiva nacional do partido) também não agregariam politicamente, uma vez que são pouco conhecidas do eleitorado.
No campo político, as possíveis postulantes socialistas também estariam de mãos atadas. Mãe de Eduardo Campos, a deputada federal Ana Arraes não teria o aval do filho para posar no palanque ao lado do petista e ainda poderia ter implicações na justiça eleitoral em função do grau de parentesco com o governador. Os socialistas ainda contam com outras três deputadas estaduais (Carla Lapa, Ceça Ribeiro e Elina Carneiro), mas elas têm domicílio eleitoral fora da capital e não poderiam integrar a chapa de João da Costa.
Em meio a especulações, a eterna desconfiança entre PSB e PT também mostrou- se intensa, já que nenhum dos lados parece estar disposto a acreditar no outro. Restaria então ao governador convencer Luciano Siqueira a desistir da candidatura própria, concedendo a ele a missão de liderar a escolha do candidato a vice do PCdoB na coligação encabeçada pelo PT. De acordo com a legislação eleitoral, o atual vice-prefeito do Recife também não poderia candidatar-se novamente, já que ocupa o cargo há dois mandatos consecutivos.
No entanto, em conversas com aliados e nas declarações públicas, Siqueira se mantém irredutível e garante que será candidato a prefeito pelo seu partido. Até essa decisão sair do forno, é improvável que o secretário de Planejamento Participativo bata o martelo sobre a vaga de vice, o que reforça a tese de que o candidato de João Paulo estaria jogando para torcida quando manifestou interesse por uma candidata do sexo feminino.