Jornal Correio Braziliense

Politica

Direção do tucanato tenta pacificar Serra e Alckmin

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A eleição municipal de são Paulo ganhou, para o PSDB, contornos nacionais. O recrudescimento da guerra entre correligionários do governador José Serra e partidários do candidato Geraldo Alckmin pôs em estado de alerta a direção da legenda, em Brasília. Decidiu-se tentar a negociação de um cessar-fogo. Nesta quarta-feira (07/05), o senador Sérgio Guerra (PE), presidente nacional do PSDB, deve desembarcar em São Paulo. Vai sondar o terreno, perscrutar as chances de êxito da tese do armistício. Simultaneamente, para se contrapor aos tucanos que torcem o nariz para a candidatura própria, a bancada do PSDB no Congresso marcou para o próximo dia 15 de maio, quinta-feira da semana que vem, um ato de apoio a Alckmin, a realizar-se em São Paulo. Na cúpula tucana, o fosso que separa Serra de Alckmin passou a ser visto como prenúncio de um abismo que, se não for lacrado, aprofundará a desunião interna, prejudicando os planos do PSDB se contrapor ao candidato de Lula, em 2010. "Estamos diante de um filme que já assistimos duas vezes, em 2002 e em 2006", disse um grão-duque do tucanato ao repórter. "Assistimos agora, em versão replay, à avant-première da desunião que pode soterrar as nossas chances de retorno ao Planalto". O PSDB vive uma quadra paradoxal. O comando do partido vê o êxito de Alckmin como vital para a costura de um projeto nacional. José Serra, porém, mercê da conjuntura que ajudou a cevar, vê-se agora compelido a fazer outra leitura. Considerando-se o estágio a que chegaram as hostilidades, o sucesso de Alckmin será convertido instantaneamente em infortúnio de Serra, hoje o tucano mais bem-posto nas pesquisas presidenciais. Daí a tentativa da direção nacional de desfraldar a bandeira branca. Algo que, por ora, é visto, dos dois lados da trincheira, como uma espécie de missão impossível. Avalia-se que nem Alckmin vai recuar da decisão de disputar nem Serra tem como passar uma borracha nos comprometimento que já assumiu com Kassab. Avançaria, no máximo, para uma posição de neutralidade. Defensor da postulação de Alckmin, Sérgio Guerra diz, em privado, que é hora de os tucanos que preferiam a aliança com Kassab recolherem as armas. Sobretudo depois que a candidatura própria foi formalizada pelo diretório municipal, há dois dias. O deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP), lugar-tenente da tropa de Alckmin, diz que a idéia de levar à convenção do partido, em junho, a proposta de aliança com o DEM é vedada por decisões já tomadas pelo PSDB. Uma em âmbito estadual e outra no plano nacional. Diz o deputado: "No ano passado, o diretório estadual decidiu que o PSDB teria candidatos próprios em todos os municípios paulistas em que estivesse organizado. Decisões em contrário teriam de ser submetidas à direção do partido no Estado. Neste ano de 2008, a Executiva nacional determinou que, nos municípios com mais de 50 mil eleitores, o partido deve ter candidato próprio. Aqueles que desobedecerem a resolução sujeitam-se a intervenção."