A Executiva Nacional do PDT não pretende determinar punições ao deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, suspeito de envolvimento em um esquema de desvio de empréstimos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O presidente do PDT, deputado Vieira da Cunha (RS), adiantou nesta terça-feira que a legenda pretende esperar as investigações da Procuradoria Geral da República (PGR) sobre o caso para não cometer nenhuma "injustiça" contra o deputado.
"Qualquer membro poderá tomar a iniciativa de propor alguma punição, mas não me parece que seja o caso. Sequer a investigação foi aberta, sequer o procurador-geral da República, que tem competência constitucional para autorizar a investigação, se manifestou. Se nós tomássemos alguma atitude agora, estaríamos prejulgando e poderíamos cometer uma grande injustiça contra o deputado", afirmou.
Cunha disse que o PDT não pode agir de forma precipitada - com a aplicação de penalidades ao parlamentar - porque a PGR pode concluir que Paulinho é inocente nas acusações.
"Imagine que o PDT puna e depois o procurador-geral arquive o caso. Isso é possível que aconteça. Então, não podemos nos precipitar. Temos que aguardar aquele que tem competência constitucional par autorizar ou não a abertura das investigações que se manifeste." O presidente do PDT considerou "estranho" que as denúncias contra Paulinho tenham sido reveladas na véspera do Dia do Trabalho, em 1°. de maio, uma vez que o parlamentar é presidente nacional da Força Sindical. "Há outro argumento que nos parece convincente, de que até agora [o deputado] não teve acesso sequer aos autos do inquérito. Como alguém pode exercer na plenitude o seu direito de defesa se não tem acesso ao teor das acusações?", questionou.
Cunha disse que vai aguardar tanto a posição da PGR quanto o pronunciamento de Paulinho, marcado para a tarde de hoje no plenário da Câmara, antes de decidir sobre o futuro político do parlamentar. Mas negou que o partido já tenha decidido inocentar Paulinho das acusações.
"É evidente que a direção do partido seguirá atenta os desdobramentos dos fatos. Não transigimos com princípios éticos. A direção será rigorosa para exigir não só do deputado Paulo Pereira, mas dos filiados, uma conduta compatível com a nossa tradição que é de rigorosa observância dos princípios da probidade administrativa e da moralidade pública." Definição.
A Executiva Nacional do PDT se reúne esta noite para discutir as denúncias contra Paulinho. O senador Jefferson Péres (PDT-AM) defende que Paulinho se afaste temporariamente do partido, mas a Folha Online apurou que o senador não deve estar presente na reunião por ser uma das vozes da legenda favoráveis a punições imediatas ao parlamentar em meio à maioria favorável ao deputado.
O partido tem autonomia para aplicar punições como advertência verbal, licença temporária da legenda e até mesmo a perda do mandato, embora Cunha já tenha adiantado que o PDT não pretende aplicar sanções a Paulinho neste momento.
O parlamentar teve o nome envolvido nas investigações realizadas pela Polícia Federal na Operação Santa Tereza sobre um esquema de desvio de parte dos empréstimos concedidos pelo BNDES.