O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), decidiu nesta terça-feira autorizar a Corregedoria da Casa Legislativa a investigar as denúncias contra o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical. Chinaglia encaminhou para a corregedoria matérias de jornais que apontam o envolvimento de Paulinho com um esquema de desvio de empréstimos no BNDES e também com a exploração sexual de mulheres.
O deputado disse, porém, que a corregedoria vai analisar "globalmente" as denúncias contra o parlamentar --que podem apontar também o envolvimento de outros deputados no esquema. "A gente não faz o envio citando apenas um parlamentar, você pega todo o noticiário", explicou Chinaglia.
O corregedor tem autonomia para pedir explicações ao parlamentar, ou mesmo arquivar o caso, mas não tem prazo previsto pelo regimento da Câmara para encerrar as investigações. O corregedor da Casa, deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), tradicionalmente não dá continuidade às investigações quando as denúncias são baseadas em notícias veiculadas pela imprensa.
A Folha Online apurou que o argumento para o "engavetamento" dos processos é baseado no fato de que notícias de jornais não permitem conclusões a respeito das irregularidades levantadas contra parlamentares. Se o corregedor autorizar a investigação, encaminha o processo para a Mesa Diretora da Câmara - a quem cabe decidir se enviará representação contra o deputado ao Conselho de Ética da Câmara.
Chinaglia defendeu que o corregedor trabalhe no eu ritmo habitual, sem esforço para antecipar ou retardar as investigações. "Não pode ser algo relâmpago, bem algo com que se fique eternamente." Pronunciamento.
Paulinho prometeu discursar esta tarde no plenário da Câmara para apresentar a sua versão sobre as denúncias. Chinaglia defendeu que Paulinho se antecipe às investigações e apresente suas explicações sobre as denúncias para evitar novas especulações. "É útil para ele ter a possibilidade de apresentar as suas explicações", afirmou.
O presidente da Câmara disse estar disposto a ceder a palavra ao parlamentar quando Paulinho decidir apresentar suas explicações ao colega. "Ouvi comentários dele de que gostaria de usar a palavra em plenário. Se pedir, vou conceder. Acho bom para ele", afirmou.
Chinaglia disse que vai instalar, nesta quarta-feira, comissão especial na Câmara para analisar a proposta de emenda constitucional (PEC) que acaba com o foro privilegiado para os deputados e senadores - o que permite que processos criminais contra parlamentares tramitem na Justiça comum.