Indignado, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), criticou a ação da Polícia Federal (PF) que durante as investigações da Operação Santa Tereza fez gravações de som e imagens na área interna da Casa. Sem esconder seu incômodo, o petista disse que vai cobrar explicações do ministro Tarso Genro (Justiça), que nesta terça-feira (29/04) negou que os policiais tenham extrapolado suas atribuições. Chinaglia vai enviar ofício para Tarso requisitando informações e cópias de documentos.
"Vou encaminhar um ofício ao ministro porque queremos esclarecer a opinião pública de que o parlamentar precisa ter a privacidade para receber qualquer um do povo. Alguém pode vir aqui para denunciar e essa é uma das funções da Câmara dos Deputados, a de fiscalização", disse Chinaglia, que ontem já havia criticado a ação policial.
A Operação Santa Tereza foi desencadeada na semana passada quando houve um desmonte de um grupo acusado de exploração sexual de mulheres no Brasil e no exterior, além de fraudes envolvendo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Nas investigações, houve citações de dois deputados, que são aliados do governo federal. O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical. Mas hoje o ministro da Justiça negou que os dois sejam investigados ou suspeitos nas investigações.
Porém, Tarso confirmou que os policiais federais gravaram imagens e som em um corredor da Câmara. Segundo ele, era uma área pública e por isso não necessitou de autorização do comando da Casa.
Chinaglia não aceitou as explicações de Tarso e quer mais informações sobre a ação policial na área da Câmara. "Como não houve solicitação ou aviso por parte da Polícia Federal, nós nesse ofício vamos demonstrar inclusive em acórdãos proferidos pelo STF [Supremo Tribunal Federal] em que fica caracterizado que o Poder de Polícia da Câmara e do Senado cabe às suas polícias", disse ele.
No oficio que enviará a Tarso, Chinaglia disse que quer os dados detalhados sobre a Operação Santa Tereza. Também indicou que manterá contato com o ministro apenas de maneira formal, sem conversas privadas ou reservadas.
"Vamos pedir acesso aos autos para sabermos se aquilo que está sendo investigado diz respeito a qualquer atividade na Câmara que precisamos saber, não podemos descartar essa hipótese. O ministro receberá um ou dois ofícios. Quero conversar com ele por ofícios", disse ele.