A cúpula do PSB quer manter a qualquer custo a aliança com os tucanos para eleger Márcio Lacerda (PSB) prefeito de Belo Horizonte. Se a direção nacional petista forçar o PSB a optar entre o PT do prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, e o apoio do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), os socialistas ficarão com o tucano. A Executiva Nacional do PSB reúne-se amanhã em Brasília para discutir o veto do PT nacional à aliança com Aécio, mas antes mesmo de o debate começar já há consenso de que o partido não deve abrir mão do apoio e dos votos do governador.
A idéia é reforçar a posição do diretório municipal do PT, que ontem fincou pé em favor da parceria e confirmou a indicação do deputado estadual Roberto Carvalho (PT) para vice de Lacerda. "Precisamos encaminhar uma decisão política que fortaleça candidatura de Márcio Lacerda e, por isto, vou defender a aliança com PT e também com Aécio", antecipa o senador Renato Casagrande (PSB-ES). "Achamos que tem remédio para tudo, mas se alguém quiser se isolar, paciência".
"A aliança foi feita e será mantida. Se o PT insistir em nos colocar contra a parede, ficaremos com o Aécio", concorda o deputado Júlio Delgado (PSB-MG). Ele insiste na tese de que, se em outros locais recusar apoio já é difícil, em Minas, que tem a tradição da conversa e da conciliação, "isto não cabe de jeito nenhum". Ainda mais, salienta, em se tratando de um governador aprovado por 85% dos mineiros da capital.
Não é só a alta popularidade do governador mineiro no Estado e na capital que explica a firmeza do PSB em favor da aliança. Na verdade, os dirigentes avaliam que o veto da direção do PT extrapola os limites de Minas e causa prejuízos nacionais ao projeto de poder do partido. Como o candidato a prefeito é do PSB, a cúpula do PSB acredita que o veto enfraquece não apenas a candidatura de Aécio ao Planalto, seja pelo PSDB ou pelo PMDB, como candidato da base, mas também a do deputado Ciro Gomes (PSB-CE).
A despeito da reação do diretório municipal petista para manter a parceria, o veto agitou outros pré-candidatos a prefeito da capital no final de semana e a movimentação política para ocupar o espaço do PT foi grande. O PMDB do ministro das Comunicações, Hélio Costa, e o PV do deputado estadual Antonio Roberto, o mais votado na capital, mandaram recados ao PSB. Ambos aguardam apenas que surja uma "brecha" para compor chapa com Márcio Lacerda. A deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG) também quis saber da disposição do PSB de abrir a chapa caso o PT fique fora da composição.