Presidente da Organização Social dos Jardineiros dos Cemitérios do Distrito Federal, Cícero de Jesus Melo, presta depoimento aos deputados distritais que integram a CPI criada para investigar supostos abusos cometidos na chamada indústria da morte.
Em 50 minutos de interrogatório, Cícero contou aos parlamentares que ainda hoje existem ossadas humanas aparentes no cemitério Campo da Esperança, provenientes de uma reforma feita em 2003 pela empresa que administra o lugar. Na época, uma retroescavadeira foi usada na área social (quadra 204 do setor C) do cemitério para cavar algumas áreas que seriam melhoradas. Na ocasião, apareceram restos mortais que foram recolhidos pela administração. Cícero afirma no entanto que até hoje é possível encontrar resíduos.
No meio da audiência, o jardineiro foi convocado a apontar os locais onde as ossadas estariam. Os parlamentares deixaram a sessão e seguem neste momento para o campo da Esperança, no fim da Asa Sul.
O presidente também confirmou que a categoria que representa nunca pagou a conta de água referente aos trabalhos prestados no cemitério. Dados da Caesb (companhia de água e esgoto de Brasília) apontam que a soma desses valores chega a R$ 3,5 milhões. Ele revelou que existe uma condecendência do governo que com freqüência renegocia a dívida com a companhia.
Uma informação chamou muita atenção dos distritais. Eles se surpreenderam ao saber que Cícero é funcionário da câmara legislativa. O jardineiro trabalha no gabinete da deputada Luzia de Paula (PSL), indicado pela cota do titular da vaga, Raimundo Ribeiro (PSL). Segundo contou aos políticos, Cícero é assessor parlamentar do secretário Raimundo Ribeiro desde janeiro de 2007.