Jornal Correio Braziliense

Politica

Berzoini diz que Lula não precisa de boneco para reproduzir suas opiniões

Deputado federal e presidente nacional do PT reage às críticas do veto do partido a aliança com PSDB em BH

O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), reagiu nesta sexta-feira às críticas sobre a decisão da Executiva Nacional do partido de vetar a aliança de petistas com tucanos em Belo Horizonte (MG). Ele negou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha condenado a decisão do partido. Segundo Berzoini, o presidente não é "ventríloco" nem "precisa de boneco". "Isso não é verdade. Nem o presidente Lula é ventríloco nem ele precisa de boneco", afirmou Berzoni, numa referência a informações atribuídas ao presidente. Interlocutores de Lula informaram que ele não aprovou a orientação de veto da Executiva Nacional do PT e pretende interferir no processo. Segundo aliados, o presidente considerou "uma burrice" a proibição à aliança em Belo Horizonte. Proibição Ontem, o comando nacional do PT decidiu por 13 votos a dois proibir a coligação da legenda com o PSDB à Prefeitura de Belo Horizonte em torno da candidatura do empresário Márcio Lacerda (PSB). O veto contraria a negociação entre o atual prefeito da capital mineira, Fernando Pimentel (PT), e o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB). Mas nas conversas com os aliados Lula costuma apelar para que busquem estar juntos no mesmo palanque nas eleições municipais. Esquivando-se de polêmicas, Berzoini disse que é uma ilusão imaginar a possibilidade de reproduzir nas eleições municipais a coligação nacional que forma a base aliada do governo. "É uma ilusão acreditar que uma coligação com 14 partidos irá se repetir nas eleições municipais. São partidos com histórias diferentes", afirmou Berzoini, que participou hoje de um seminário sobre comunicação em Brasília. Porém, na avaliação do Palácio do Planalto, o PT nacional estaria mirando em Aécio, mas acertou o PSB dos aliados Ciro Gomes (PSB-CE), que é deputado federal e vice-líder nas pesquisas sobre a sucessão de 2010, e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que é também presidente nacional do PSB. Tradição Berzoini tentou minimizar a ameaça de Fernando Pimentel, um dos defensores da aliança, de recorrer a todas as instancias, inclusive à Justiça para garantir a parceria do PT com PSDB e PSB em torno de um mesmo candidato. "Isso não é a tradição nem o costume do PT. Nós discutimos e o debate foi público", afirmou ele. Sem conversar com Pimentel desde o anúncio da decisão de veto à aliança, Berzoini negou que haja um mal-estar entre o prefeito e os integrantes da Executiva Nacional do PT. "Não há nada disso. Converso sempre com Pimentel. Só não conversei ainda por absoluta falta de tempo", disse.