O ESCÂNDALO DOS CARTÕES
Janeiro
; Veículos de comunicação promoveram um pente-fino no Portal da Transparência, administrado pela Controladoria-Geral da União (CGU), e revelaram durante a segunda quinzena do mês que os cartões têm sido utilizados corriqueiramente para a compra de passagens áreas, diárias em hotéis, alugueis de veículos, além de despesas em veterinária, óticas, choperias e joalherias.
; A primeira e única baixa no governo decorrente do escândalo até agora foi Matilde Ribeiro. No final do mês, ela deixou o comando da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial. Matilde gastou em 2007 R$ 171 mil com o cartão, incluindo compra em free shop de R$ 461.
Fevereiro
; Na retomada dos trabalhos legislativos, logo após o carnaval, a oposição se mobilizou pela instalação de uma CPI para apurar o uso dos cartões corporativos no governo. O foco dos adversários do Palácio do Planalto são, principalmente, os gastos secretos da Presidência.
; Denúncia da revista Veja, edição do dia 20, revelou que o governo não ficou parado enquanto era discutida a possibilidade de CPI no Congresso. Segundo a reportagem, o Palácio do Planalto fez circular no Congresso Nacional recados dando conta de que dispunha de informações sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso com vinhos caros, comidas finas, fraldas e óculos.
; Ao longo do mês, detalhes sobre esse banco de dados circularam pelo Senado. O tucano Álvaro Dias (PR) confirmou ter sido um dos parlamentares que teve acesso a eles.
Março
; A CPI dos Cartões, formada por senadores e deputados, começa a funcionar no dia 11. Formada por maioria governista, a comissão tem início morno, sem conseguir aprovar requerimentos para ter acesso a dados sigilosos do Planalto e convocar gente graúda para depor.
; Veja retoma o assunto na edição datada de 26 e revela trechos do documento, que chamou de ;dossiê;, com gastos de FHC e da ex-primeira dama Ruth Cardoso.
; Naquela mesma semana, no dia 28, a polêmica ganha fôlego com a publicação, pela Folha de S.Paulo, de denúncia segundo a qual Erenice Guerra, secretária-executiva da Casa Civil, teria dado a ordem para a confecção do tal arquivo. Era o que oposição precisa para partir de vez para cima da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, acusada de ser a ;genitora; do dossiê.
; A chefe da Casa Civil nega a montagem de dossiê. Os adversários do Planalto tentam, mas são atropelados pela maioria governista na CPI dos Cartões e não conseguiram convocar Dilma e Erenice para prestar depoimento sobre o episódio.
Abril
; A situação piora para Dilma no dia 4. A Folha de S.Paulo revela novos detalhes sobre o caso. Desta vez, dados de um arquivo que teria sido a origem do dossiê. A partir dessas informações, o jornal afirma que o material saiu pronto do Palácio do Planalto.
; A chefe da Casa Civil convoca coletiva no mesmo dia e volta a negar que o material tenha sido produzido nas dependências do órgão. Ela afirma que houve vazamento de informação sigilosa, o que é crime, e anunciou uma auditoria de seis computadores da Presidência da República pelo Instituto de Tecnologia da Informação (ITI), órgão subordinado à própria ministra.
; Após discutir o assunto com o ministro da Justiça, Tarso Genro, Dilma recua e admite colocar a Polícia Federal no caso. A PF abre inquérito, sob a responsabilidade do delegado Sérgio Menezes.