O governo retorna aos trabalhos no Congresso nesta terça-feira de olho na anulação da votação que convocou a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para depor na Comissão de Infra-Estrutura do Senado sobre o dossiê contra os tucanos.
O líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), apresentou recurso alegando que o dossiê não faz parte dos assuntos tratados nessa comissão. A convocação foi aprovada na semana passada pela oposição num cochilo da base governista, que não apareceu na sessão.
Para reverter o cenário, Jucá quer que esse recurso seja votado nesta terça. Só que o presidente da comissão, o tucano Marconi Perillo (GO), tem em mãos um parecer técnico dizendo que esse tipo de protesto deve ser apreciado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e não pela de Infra-Estrutura. Com isso, Perillo tenta protelar as pretensões do governo de anular a votação.
A sessão promete ser tensa. Vale lembrar que Dilma já está convocada para depor nessa comissão. Mas, oficialmente, ela foi chamada para falar sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ela deve comparecer ao Senado depois do dia 29 deste mês, quando retorna de uma viagem oficial ao Japão.
O governo sabe que, nesse depoimento, ela não escapará de perguntas sobre o dossiê. Só que uma coisa é ser chamada para depor sobre isso, outra é ser interrogada sobre o PAC. Na análise do Palácio do Planalto, há todo uma simbologia política nesse contexto. Por isso, é importante anular a votação do requerimento que a convocou para tratar do documento com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Precavida, a oposição age em outras frentes e promete infernizar a vida de Dilma, com a votação do mesmo pedido de convocação em outras duas comissões: CCJ e Meio-Ambiente. A postura é uma resposta à atitude da base aliada do governo de impor sua maioria na CPI mista dos Cartões e impedir a convocação da ministra.