Opinião

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Lava-Jato na mira da PGR

Escolhido pessoalmente pelo presidente Jair Bolsonaro, fora da tradicional lista tríplice, apresentada pela Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR), o procurador-geral da República, Augusto Aras, vem, seguidamente, por suas palavras e ações, comprovando ser o homem certo para a missão pretendida pelo chefe do Executivo e pelo seu grupo imediato.

Por mais que seja negada, a principal tarefa encomendada ao substituto de Raquel Dodge vai se desenhando à luz do dia. Ocorre, no entanto, que, para pôr em andamento o que tem em mente o presidente e o amplo conjunto de forças políticas conservadoras e enroladas com a Justiça que passaram a orbitar em torno do Palácio do Planalto, a atual direção da Procuradoria-Geral da República (PGR) vem deixando de lado aquela que seria a missão básica da PGR, ou seja, investigar e denunciar políticos com foro privilegiado, incluindo nesse rol o presidente da República.

O preço por ter que seguir o norte, apontado por seu padrinho e pelo imenso grupo postado à retaguarda dele, é, ainda, maior e mais danoso para a imagem e para o que manda a Constituição em seu art. 128. Ao colocar em segundo o plano o mister da PGR, a tão propalada independência desse órgão fica ferida de morte. Para alguns analistas que acompanham de perto essa descida ao inferno da PGR, o canto da sereia, mais uma vez, emitido pelo Planalto sobre a possibilidade de futura de indicação ao Supremo, parece ter amolecido ainda mais o coração do velho procurador.

O fato é que as seguidas medidas adotadas pela PGR vêm de encontro e satisfazem, amplamente, as expectativas da maioria dos atuais políticos. Nesse caso, chama a atenção as reiteradas investidas da PGR contra a força-tarefa da Lava-Jato, de modo a quebrar as pernas desses procuradores, enterrando, de vez, qualquer possibilidade de continuidade dos trabalhos de saneamento moral e político que vinha sendo realizado com imenso êxito e apoio total da população brasileira.

Não é uma tarefa qualquer e que pode ser realizada do dia para noite e mesmo sob a luz ofuscante dos holofotes da opinião pública. Por isso, vem sendo empreendida, pouco a pouco e sem alarde, para não chamar muito a atenção e açular os cidadãos de bem desse país. No mais recente ataque à Lava-Jato, o procurador-geral, depois de mandar copiar todos os mais de 40 terabytes de arquivos das investigações feitas por anos pela força-tarefa e que, possivelmente, serão utilizados contra pontos específicos da investigação e em favor do grupo político que rege os atuais destinos do país, voltou a desqualificar essa operação. Para ele, não é aceitável que uma força-tarefa tenha mais dados do que todo o Ministério Público.

Em conversa que manteve com os principais advogados que defendem os mais estrelados políticos do país — todos, evidentemente, enroladíssimos com a Justiça —, Aras criticou o sistema de eleições internas do Ministério Público. Segundo ele, há evidências de que existe uma espécie de “MPF do B” dentro do Ministério Público, escondendo e tornando invisíveis mais de 50 mil documentos e investigações feitas, obviamente, contra os tradicionais e impunes corruptos brasileiros. Difícil é acreditar que o chefe maior da Procuradoria possa agir contra seus subordinados e contra a instituição que comanda e à qual deveria servir com isenção e denodo.


A frase que foi pronunciada

“Não há modo de mandar, ou ensinar, mais forte e suave do que o exemplo: persuade sem retórica, reduz sem porfia, convence sem debate, todas as dúvidas desata e corta, caladamente, todas as desculpas.”

Padre Manuel Bernardes, 
presbítero da Congregação do Oratório de S. Filipe de Nery


Encontro
Instituto Brasileiro de Direito Familiar promove a I Conferência de Família e Tecnologia. Hoje, com transmissão via Zoom, 
às 18h30. Inscrição no site da instituição.

Oportunidade
Começam, hoje, e vão até 12 de agosto, as inscrições para pessoal civil, por tempo determinado, em trabalho no Exército Brasileiro. Contador, analista de sistema, agente administrativo, engenheiro civil, e tantos outros cargos. Veja no Blog do Ari Cunha o portal para inscrição: www.dec.eb.mil.br.

Criar criança
Com mais de 50 anos de Brasília, a Biblioteca Infantil, na Entrequadra 104/304 Sul, convida a garotada para a Escolinha de Arte on-line. Em todas as redes sociais, um link no YouTube dará início às atividades.

Monitorar
Começa a relaxar a entrada em várias lojas no DF.  Sem respeito ao distanciamento, sem álcool, sem controle de temperatura.

Somos onagros?
Argumento para dispensar a identificação biométrica por causa do coronavírus parece ter extrapolado todas as linhas do bom senso. E para acionar as teclas da urna? Pegar caneta para assinar? Todos os mesários limpavam o leitor antes da pandemia. Nada que o álcool e um paninho não resolvam.


História de Brasília
Nós queremos fazer uma sugestão aos comerciantes da W3: é para que cada um seja padrinho de três árvores plantadas. Defenda essas árvores, mande seus empregados regar, 
conserve-as contra os malfeitores. (Publicado em 13/1/1962)