Opinião

Visão do Correio: Covid-19, mais vigilância e cooperação

''O levantamento paulistano mostra que 40% dos infectados por covid-19 são assintomáticos. O percentual coincide com estudos feitos em Pádua, na Itália, e em todo o território americano''

Dado de pesquisa encomendada pela Prefeitura de São Paulo autoriza a inferência: no tocante ao novo coronavírus, o Brasil não constitui nenhuma jabuticaba. O levantamento paulistano mostra que 40% dos infectados por covid-19 são assintomáticos. O percentual coincide com estudos feitos em Pádua, na Itália, e em todo o território americano.

A Organização Mundial da Saúde anunciou outra conclusão importante a respeito do vírus. Ele não é sazonal. Não compartilha, como se imaginava, a tendência do vírus da gripe, que acompanha as estações do ano. Ataca, com igual ferocidade, no inverno e no verão. Também descartou o discurso da existência de diferentes ondas. Segundo a OMS, trata-se de uma onda de enorme extensão.

Enquanto não se tiver vacina nem remédio eficaz, o saldo da pandemia tende a se agravar. Até o momento, o mundo aproxima-se dos 17 milhões de contaminados e dos mais de 660 mil mortos. O Brasil também contabiliza números assustadores: quase 90 mil óbitos e 2,5 milhões de contaminados. Nas cifras não se consideram as nada desprezíveis subnotificações.

As atualizações ora divulgadas ganham relevo no período de reabertura da economia. Explicam o abre-fecha que se observa em diferentes partes do mundo e em entes federados brasileiros. O vírus está solto, à espera da vítima. Com a flexibilização do isolamento social, tem oportunidade de infectar mais pessoas.

Não só. Como é assintomático em 40% dos contaminados, impõe cuidados antes só prescritos para os detectados com covid-19. Homens e mulheres que precisam se deslocar, seja por obrigações profissionais, seja por urgências financeiras, têm de estar conscientes de que são possíveis vetores do mal e, com isso, responsáveis involuntários por contaminações domésticas ou externas.

Hipóteses realistas preveem vacina para 2020. Até que chegue a todos, muitas etapas precisam ser vencidas. Administrar a espera com menor número de danos exige a colaboração coletiva. Dos governos, com políticas aptas a informar e proteger os que são obrigados a se expor. Da população, com a obediência às três regras de ouro: usar máscara, evitar aglomerações e lavar as mãos.