Opinião

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Racismo

Um mês depois de a multidão indignada arrancar do pedestal e lançar no rio de Bristol, no Reino Unido, a estátua do comerciante de escravizados Edward Colston, uma mulher negra foi içada a monumento na mesma praça, no mesmo ponto, como alvorecer de uma necessária era antirracista. O escultor britânico Marc Quinn, famoso pelas obras provocativas, eternizou por um dia, posto que o poder público removeu a ousadia em resina e aço o gesto da jovem Jen Reid: braço direito erguido, punho cerrado. Nos Estados Unidos, a onda de manifestações em reação ao assassinato por asfixia do americano George Floyd, homem negro, por um policial branco, resultou num reconhecimento simbólico ao ativismo feminino numa capa da revista Rolling Stone. No Brasil, os protestos dos americanos jogaram luz em mobilizações recorrentes, mas nunca tão visibilizadas, do movimento negro contra a violência policial e o racismo estrutural, que confina pretos e pardos às piores condições de moradia, acesso a serviços, trabalho e rendimento, agora agravadas pela covid-19. Para ficar num par de exemplos, no centenário da Lei Áurea, em 1988, negros tomaram a Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio, na Marcha Contra a Farsa da Abolição. Mulheres negras marcham país afora, desde 2015, pelo viver bem. Foi preciso uma liminar do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), restringir as intervenções ao estritamente necessário para estancar a sangria, que chegou a interromper as ações humanitárias de distribuição de cestas básicas e kits de higiene em comunidades carentes. Agora, é São Paulo que debate a brutalidade dos agentes do Estado, após flagrantes de agressões a jovens e até a uma mulher negra, que teve o pescoço pisado por um policial, mimetização macabra do assassinado Floyd. Se junho foi dos homens, o julho haverá de ser das mulheres pretas. É neste sábado (25/7), que se comemora O Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha no Brasil, dedicado à memória de Tereza Benguela, líder do Quilombo do Quariterê, em área que hoje pertence ao Estado do Mato Grosso. Até quando a sociedade vai continuar sufocando o povo negro brasileiro?
» Renato Mendes Prestes,
Águas Clara


Fracasso

Trinta e cinco partidos só mesmo no Brasil. Isso quer dizer desunião, balbúrdia, corrupção, etc. Deputados e senadores estão preocupados apenas consigo mesmos. É cada qual para o seu lado, defendendo interesses próprios, de parentes ou de amigos. É sabido por todos que, assim como a união faz a força, a desunião é a mãe do fracasso. Os países mais poderosos do mundo são os que menos partidos políticos têm — exemplos: Estados Unidos, Rússia, Índia, China, Inglaterra, França e muitos outros na Europa. Os interesses do povo brasileiro estão em segundo ou terceiro plano. Lembram dos impropérios que disse o presidente Bolsonaro, preocupado com os filhos e os amigos? O governador do Distrito Federal quer aplicar dinheiro do DF no Flamengo, enquanto isso, o Teatro Nacional e a Torre de Televisão estão fechados, segundo dizem, por falta de verba para reformas, além de muitos outros problemas. Caso o governador aplique dinheiro público no Flamengo, é motivo mais do que justo para que ocorra o seu impedimento. A nossa imprensa deve estar atenta para este caso.
» Anísio Teodoro,
Asa Norte


Arte urbana

Na tarde do último domingo, passando pela tesourinha da 115/116 Norte, que foi reformada e pintada há pouco tempo, mas, vendo que ela já foi pichada, ocorreu-me uma ideia que entendo merecer ser discutida: por que o GDF não faz um concurso para escolher grafiteiros para pintar as paredes dessas tesourinhas antes de liberá-las para o trânsito? Considerando que são seis paredes (quatro embaixo dos eixinhos L e W e dois embaixo do Eixão), a cidade se transformaria em uma galeria de arte urbana! Não seria interessante? Para que essa forma de arte seja admirada também pelos usuários de transporte público e pedestres, e não apenas por aqueles que andam de carro, sugiro, também, pintar as paradas de ônibus (como aquela que havia em frente ao Setor Bancário Norte) após a devida limpeza e/ou reforma daquelas em pior estado.
» Eduardo Brito,
Asa Norte


Banalização

O governo Bolsonaro banaliza a morte de milhares de brasileiros pela covid-19. Mais de 2 milhões de infectados e quase 83 mil mortes e o Ministério da Saúde é um ente indiferente ao que está ocorrendo no país. Os recentes relatórios do Tribunal de Contas da União (TCU) mostram a incapacidade do ocupante do Palácio do Planalto de dar rumo ao país. O Ministério da Saúde não estabeleceu critérios nem repassou os recursos destinados ao enfrentamento da pandemia aos estados em situação crítica. Coincidentemente, os menos beneficiados foram os desafetos do governo. Critérios políticos rasteiros se sobrepõem ao indiscutível valor da vida, que não tem preço. Mas, esperar o quê de um intendente do Exército, sem qualquer experiência no campo da saúde? O que esperar de um governante insensível aos dramas sociais e sanitários que afetam a sociedade? O descaso e a omissão diante da tragédia podem até revoltar os que têm bom senso, mas, para quem tem lucidez, a indiferença do atual titular no Planalto ao número crescente de óbitos não causa nenhuma surpresa.
» Afonso Guimarães,
Noroeste