Correio Braziliense
postado em 21/07/2020 04:06
“O primeiro a fechar e o último a voltar”. Essa é a máxima do setor cultural na pandemia do novo coronavírus. As atividades que envolvem a arte e o entretenimento foram as primeiras impactadas com o isolamento social e serão as últimas a voltarem ao normal, principalmente enquanto não houver medicamentos comprovadamente eficazes contra a covid-19 e uma vacina disponível para imunizar a população.Mesmo assim, a cultura não parou. Pelo contrário, adaptou-se de uma forma tão veloz, que, a cada dia, surgem novos meios de entretenimento em meio à quarentena. A primeira onda e, talvez, a mais forte, foram as lives. Começaram de forma despretensiosa nas redes sociais e, depois, se profissionalizaram. O Brasil, inclusive, lidera o ranking de lives com o maior número de audiência.
Depois, o formato se modificou para versões mais intimistas. Aplicativos de videoconferência tornaram-se opção por serem mais exclusivos e, também, por permitirem a cobrança de ingresso. Até então, as lives eram gratuitas, contavam com patrocínios e tinham um caráter mais solidário. A partir daí, passou a ser possível curtir uma festa e até assistir a uma peça pela tela do computador.
Mostrando que “vida é movimento”, o setor, logo, buscou inovações para um público de certa forma saturado com as lives. Assim, veio a ideia de resgatar os drives-in, inicialmente no formato original para exibição de filmes, até que se transformou para comportar apresentações ao vivo. Em Brasília, há diversas iniciativas nesse sentido, que têm obtido sucesso com o público por ser uma forma de lazer fora de casa, mas ainda em segurança, com todo mundo dentro dos carros.
Há, ao menos, nove drives-in ativos no Distrito Federal hoje. Todos fazem a economia do setor cultural finalmente voltar a girar, criando empregos diretos e indiretos — o Drive Show Brasília, por exemplo, que estreia em 14 de agosto com capacidade para 600 carros (provavelmente, a maior capacidade do Brasil), tem previsão de gerar 500 postos de trabalho —, sendo uma forma de renda para um cenário que tem expectativa de retorno apenas em 2021 devido ao grande avanço da covid-19 no Brasil.
Projetos em hotéis também já fazem parte das propostas do setor. Fora do Brasil, foram realizados eventos em barcos. Em Paris, o Rio Sena foi palco de uma sessão de cinema a céu aberto, criando mais uma ideia que pode se perpetuar mundo afora. Com vontade e necessidade de resistir, o setor cultural recria-se a cada fase da pandemia na proposta de levar lazer à sociedade, mesmo em meio a um quadro triste. Que seja com responsabilidade.
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