Opinião

>> Sr. Redator

Imitação

Há poucos dias, vimos, pela televisão, protestos inflamados da população em todo o mundo, diante  do crime brutal  cometido por policial americano contra um negro, o qual resultou na morte da vítima. Isso não foi o bastante para que aqueles que têm o dever de proteger o cidadão sob a sua responsabilidade, aprenda que há limites para tudo. Não é que um policial nosso decidiu copiar e empregar a selvageria do colega americano em uma mulher negra de periferia de São Paulo? O policial já foi afastado da função e será levado a julgamento. Vamos aguardar o desfecho do caso ocorrido aqui, para ver no que vai dar.  Fico revoltada com essa nossa mania de “macaco” brasileiro copiar tudo aquilo que os americanos fazem. Lamentável é não imitá-los no amor à pátria, respeito às leis e  honestidade, principalmente, com o dinheiro público, como em outros países, entre eles, Dinamarca, Finlândia, Suíça.
» Josuelina Carneiro,
Asa Sul


Bem-estar

Política, tendo em vista os ensinamentos do mestre Afonso Arinos de Mello e Franco, “é a busca do bem comum, do bem-estar social, do bem-estar de todos”. No Brasil, não se pratica essa política, isso está tão claro, é só olhar para o valor do salário mínimo. Se analisarmos bem, talvez os pobres de hoje jogados nas favelas e nas periferias das grandes cidades vivam em pior situação do que os escravos. Sem água, sem esgoto, sem segurança, sem escolas. O governo atual e o Congresso Nacional aprovaram normas para diminuir aposentadorias e pensões, não fizeram nada para taxar as grandes fortunas. O servidor público, segundo o presidente, é o vilão da história. País de secular injustiça e, por isso, de futuro  incerto e duvidoso. A educação, a honestidade, a ciência e a tecnologia são molas mestras do progresso. Brigas, gritarias, ameaças, preocupação com os filhos, que são cobras criadas, e amigos não nos levarão a nada.
» Anísio Teodoro, 
Asa Norte


Cessar fogo

Acamado com a covid-19, presidente Bolsonaro deveria aproveitar o seu recolhimento no Palácio da Alvorada para restabelecer sua saúde e rever suas atitudes, assinando, o mais rapidamente possível, um tratado de paz consigo mesmo, com seu próprio governo, com o Brasil e com o resto do mundo. A partir daí, faria um grande favor a todos se largasse essa vida de criador de casos, ou de atirador de gasolina na fogueira dos outros. Seria a maneira mais prática de resolver o paradoxo de um governo cujo principal opositor é o próprio presidente, e não os partidos da oposição, que conseguem valer menos hoje do que valiam em seu desastre eleitoral de 2018. Se tivesse ficado quieto, ou melhor, sido comedido e ponderado desde que tomou posse, estaria agora numa situação mais confortável, seus inimigos, com muito mais dificuldades para falar mal dele, e, hoje, não haveria 57 pedidos de impeachment protocolados na presidência da Câmara dos Deputados. Mas Bolsonaro acha que, para governar bem, é essencial ficar brigando com repórter da Folha, achincalhando emissora de tevê e outras mixarias desse tipo. E daí, se ele mostrar que o repórter é um idiota e tal emissora é um escárnio à sua pessoa? O que o Brasil ganha com isso? O povo, aliás, está pouco ligando para sua guerrinha, mesmo porque presta cada vez menos atenção no que a mídia diz. Bolsonaro deveria se lembrar, urgentemente, que não foi eleito por causa de suas virtudes de brigador de rua, mas porque a maioria dos eleitores viu nele o único homem capaz de derrotar Lula e 13 anos de desgraça petista. Não deveria esquecer que esses 57 milhões de brasileiros, e muitos outros, querem que faça o que prometeu, não o elegeram para sair no braço com jornalista e bate-boca com emissora de televisão. De tudo o que prometeu, o que os seus eleitores mais cobram, no qual me incluo, é o combate à corrupção e ao famigerado toma lá dá cá. No entanto, lamentavelmente, o presidente Bolsonaro jogou o “toma lá dá cá” para debaixo do tapete. Basta ver a tradicional troca de apoio por meio da entrega de cargos ao Centrão.
» Renato Mendes Prestes,
Águas Claras


Letalidade

Dia 17 próximo fará dois meses que o oncologista Nelson Teich deixou o comando do Ministério da Saúde. São 60 dias que a pasta, em plena e agravante epidemia, está vazia. Técnicos importantes abandonaram os cargos por discordar da obsessão presidencial pela cloroquina — medicação da extrema direita, sem eficiência para combater o novo coronavírus, segundo a ciência, os epidemiologistas nacionais, os estrangeiros e a Organização Mundial da Saúde. Os governadores e prefeitos, afinados com a ciência, não seguiram a orientação palaciana. O inquilino da Presidência abriu guerra contra todos. O Supremo Tribunal Federal, provocado, deixou claro que o tempo de isolamento social e o início do relaxamento da quarentena deveriam ser definidos pelos prefeitos e governadores, que convivem com os impactos locais, numa ação articulada com o Ministério da Saúde. Mas diante da popularidade de alguns governadores, o inquilino abriu guerra, deixou o ministério acéfalo e pouco se importa com quem morre ou sobrevive à pandemia. “E daí?” O destino final de todos é a morte, se  for antecipada, não tem problema. Na verdade, quem dá uma versão diferente não está mentindo, mas é cego e não enxerga que, além da pandemia, a crueldade do governo é letal e inquestionável. Tem uma capacidade crítica míope ou rasa.
» Gilberto Borba,
Sudoeste