Correio Braziliense
postado em 10/07/2020 04:05
Ver e rever séries têm sido um dos programas mais prazerosos nestes dias de isolamento. Não só meu como de grande parte da população do planeta. Os números confirmam. No auge da pandemia na Europa, o tráfego dos serviços de streaming cresceu tanto que a União Europeia chegou a pedir à toda-poderosa Netflix e a outras empresas que reduzissem a qualidade de seus vídeos. Era preciso evitar que a internet, já sobrecarregada com o trabalho remoto, quebrasse sob tamanho aumento de carga.
Minha paixão por séries começou bem antes da onda de streaming. Adolescente, eu já me deliciava com as aventuras dos jovens bem-nascidos de Beverly Hills 90210, seriado traduzido, por aqui, como Barrados no baile. Era na TV aberta, com episódios dublados e com hora marcada, imaginem. Um tempo depois, quando surgiu o vício por ER e Gilmore girls, as coisas já tinham evoluído muito — elas passavam na tevê a cabo, em diversas opções de horário, com áudio original e legendadas.
Daquele período, uma das séries mais marcantes foi, sem dúvida, Lost. Graças a ela, entre 2004 e 2010, eu, meu marido e um grupo de amigos desenvolvemos um ritual de fãs dedicados. Toda semana, durante a transmissão da temporada, nós nos reuníamos para assistir a cada novo episódio. Depois, regados a pizza e cerveja, discutíamos as teorias mirabolantes das aventuras de Jack, Kate e outros ilhéus.
Durante seis anos, novos integrantes se juntaram ao grupo, outros mudaram de cidade, engravidei, tive o primeiro filho... O final da série frustrou quase todas as expectativas dos fãs, não só do nosso pequeno grupo, como de todo o mundo. No entanto, se a chegada foi anticlimática, valeu a viagem. Temos as melhores lembranças daquele tempo em que podíamos nos aglomerar!
Hoje, além da oferta absurda de séries, a maioria das temporadas é ofertada de uma tacada só. A palavra maratonar passou a fazer parte do nosso vocabulário e tem sido conjugada com frequência nestes dias de quarentena. São tantas opções que, não raramente, vejo amigos pedindo, pelas redes sociais, sugestões do que assistir — eu mesma já cansei de fazer isso.Por isso, aproveito para compartilhar algumas das séries que maratonei durante o isolamento. Como sou teimosa, corri o risco, por causa do enredo esdrúxulo, de viver um novo Lost, e caí de cabeça na alemã Dark, que chegou recentemente à terceira e última temporada. Ainda não vi o episódio final, mas recomendo.
Para quem quiser encarar tramas mais densas, seguem quatro sugestões: Nada Ortodoxa, que aborda o fundamentalismo religioso; Little fires everywhere, que discute a questão do racismo não escancarado, mas que faz parte do nosso dia a dia sem nem sempre percebermos; A vida e a história de Madam C. J. Walker, essa, sim, sobre o racismo histórico; e Em defesa de Jacob, uma trama nos melhores moldes para quem gosta de um drama criminal e psicológico.
Como muitos têm buscado temas leves para encarar este momento que anda tão difícil, uma boa pedida é Hollywood, uma superprodução do início da era de ouro do cinema, no pós-guerra. Já Grace e Frank, com as excepcionais Jane Fonda e Lily Tomlin e que chegará à sétima e última temporada ainda este ano, sempre é garantia de ótimas risadas. Na linha novelão açucarado — confesso que também amo —, estão Doces Magnólias e Virgin rive.
O período de isolamento também se apresenta como uma ótima oportunidade para rever alguns clássicos. Tenho aproveitado para apresentar ao meu filho duas séries que amo: Friends e House. Sem falar nas ótimas Breaking bad e Sopranos. Inclusive, são opções para suprir a falta de alguns lançamentos, já que, com a paralisação das produções, com certeza, eles devem atrasar. Conteúdo não falta para você curtir em casa.
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