Opinião

Visto, lido e ouvido

A ciência como bússola

Economistas daqui e d’além-mar são unânimes em reconhecer que, enquanto os efeitos do vírus forem minimamente sentidos nas mais diferentes partes do planeta, não haverá meios para a recuperação plena dos mercados. Nem mesmo uma recuperação satisfatória que possa espantar o fantasma da depressão econômica e do desemprego em massa. Mesmo a leve suspeita de que uma possível segunda onda de infecção poderá afetar e prolongar a paralisação do comércio entre os países, num processo que, em um mundo globalizado, acarretará efeitos em cadeia e, aparentemente, sem solução à vista.

Pelo menos no mundo frio dos números não existe motivo, por hora, para discussões e antagonismos entre os grupos políticos que defendem o fim da quarentena e aqueles que querem o lockdown radical. A retomada da vida nos padrões existentes antes da pandemia ainda é miragem, quer queiram ou não esses dois grupos, cujos interesses não são de ordem humanitária. Resta a questão: como solucionar uma equação em que a soma entre qualquer valor e uma imponderável pandemia resultará sempre numa expressão negativa? É na bifurcação dessa encruzilhada que políticos afoitos e economistas prudentes se separam.

Obviamente que os discursos de todo e de qualquer ministro de finanças, por sua posição política, deverão ser afinados ao do chefe do Executivo. No caso brasileiro, esse distanciamento entre o discurso político e a realidade factual, representada por mais de 54 mil mortes, foi apaziguada, se assim pode-se dizer, pela decisão da Suprema Corte que confirmou a independência dos estados em gerir problemas dessa natureza, no espírito federativo. Claro que uma solução dessa natureza apenas aliviou partes das responsabilidades do governo federal, mas não resolveu a raiz do problema.

As suspensões parciais das atividades comerciais, industriais e financeiras, além de uma redução nas atividades da agroindústria, seguiram-se a uma paralisação nos campos da educação, da pesquisa, e esse é mais um problema a ser trazido para a equação da quarentena e que poderá apresentar seus resultados e efeitos somente quando a pandemia for página virada na história. Ou seja, mesmo muitos anos depois de passados os efeitos do covid-19, a humanidade ainda sentirá os efeitos dessa doença pelos rastros deletérios deixados.

A paralisação das atividades acadêmicas de ensino e pesquisa, mesmo se entendendo os danos potenciais que significam na destruição econômica de uma nação, não estão, também, sendo levados a sério pelas autoridades de todos os Poderes. Talvez esse desleixo se deva à própria perspectiva dos políticos, acostumados a delimitar o horizonte futuro pelas próximas eleições. Mas essa é uma questão por demais séria e complexa para ser entregue nas mãos de políticos ou deixadas ao sabor de debates do tipo ideológico. O fato é que até mesmo a solução dessa equação que opõe abertura e fechamento, vida e morte, só terá uma resolução satisfatória e definitiva depois de devidamente sopesada pelos cérebros que trabalham a partir dos princípios da ciência.


A frase que foi pronunciada

“Educação nunca foi despesa. Sempre
foi investimento com retorno garantido.”

Sir Arthur Lewis, economista da Universidade de Princeton.


Novidade

» Hidrocefalia congênita recebe nova tecnologia para tratamento. O caso aconteceu com uma paciente de um ano e meio. A cirurgia experimental foi em Palmas.


UnB

» Tanto do Brasil quanto do exterior, pessoas físicas ou jurídicas podem contribuir para a arrecadação de recursos que serão destinados a projetos de combate à covid-19.


Jogos

» Quem gosta de apostar na Lotofácil terá, agora, seis chances por semana. A Caixa aumentou, também, as dezenas de 18 para 20 números marcados.


Educação

» Está quase pronta a vídeoconferência de capacitação pelo Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares. O evento é organizado pelo Ministério da Educação com profissionais do Paraná.


Cultura

» Deu no DODF. Mais de 1.500 projetos foram admitidos pelo FAC e, agora, passam por seleção. O Fundo de Apoio à Cultura seleciona trabalhos para o “Prêmios Cultura Brasília 60”, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec), com a divulgação dos projetos classificados nesta que é a primeira etapa. Das 1.588 inscrições, 1.575 foram admitidas para a próxima fase.


História de Brasília
Em toda a área entregue à administração
da Asa Norte não há uma única invasão.
(Publicado em 10/01/1962)