Correio Braziliense
postado em 24/06/2020 04:06
Vamos precisar de grande esforço de todos na retomada da economia. O empreendedor brasileiro, segundo o professor Bezamat de Souza, é o virador, aquele que utiliza o jeitinho brasileiro para buscar a sobrevivência no mercado. Isso significa que basta ao governo cuidar do ambiente de negócios, pois a simples criatividade do empreendedor fará retornar as atividades de modo a encontrar as oportunidades na retomada da economia.O remédio que fará o empreendedor se recuperar da crise é o crédito, que vem do latim credere, acreditar. Só emprestará para o empreendedor quem acreditar no sonho dele, na sua ideia, na sua empresa e, principalmente, na capacidade de pagamento, ou seja, ter a certeza de que o dinheiro vai retornar ao banco. Como fazer os bancos acreditarem que o dinheiro retornará? Garantindo a operação e apoiando o empreendedor na implantação do negócio. Isso se chama crédito assistido, o que integra o financiamento, a consultoria e a capacitação para ajustes do negócio.
Banco não tem dinheiro. Trabalha com dinheiro dos outros. Banco pega dinheiro emprestado com pessoas físicas e jurídicas e o empresta para outras pessoas. Se o banco não receber o que empresta, ele não devolve o dinheiro de quem pegou emprestado, e aí ocorre a inadimplência em escala, com quebradeira geral, que precisa ser evitada, o que é chamado de risco sistêmico. Deve-se a isso o rigor nas regras dos bancos para os que querem ter acesso ao crédito, que é resumido em duas frentes de análise: risco e limite de crédito. Se o cliente ou o projeto não tiver risco e limite compatíveis, não terá acesso aos bancos e ao crédito. Isso é regulado e acompanhado pelo Banco Central, que impõe controles rigorosos aos bancos nas operações.
Por mais que possamos flexibilizar regras, a metodologia mostra que o crédito não será solução para todos. Para muitos, neste momento de crise profunda, a subvenção econômica ou uma política de renda mínima empresarial precisa ser a solução inicial de apoio à sobrevivência.
Com problemas cadastrais, as empresas não terão acesso ao crédito. Sem crédito, não conseguirão a retomada dos negócios. O impacto mais forte no cadastro das empresas, que inviabiliza a condição de acesso a crédito, são as dívidas com o governo.
Precisamos ter um olhar sem preconceitos para as empresas que têm pendências com o governo. As empresas têm três grandes contas para pagar: funcionários, fornecedores e governo. Em momentos de crise, com queda no faturamento, a empresa prioriza os compromissos com os funcionários e os fornecedores, porque estão ligados diretamente à sua operação.
Não é incomum que em momentos de crise, de queda de faturamento, as empresas atrasem os compromissos com o governo para se manterem vivas. Por isso, não podemos generalizar a criminalização da inadimplência com o governo. Muitas vezes a inadimplência resulta de ações para a sobrevivência e, consequentemente, para assegurar os empregos. Ao criminalizar a inadimplência com o governo, podemos cometer injustiça com os que estão mantendo as empresas no respirador.
Com a retomada da economia, as empresas vão precisar ajustar os cadastros para terem acesso ao crédito. Para isso, é fundamental que acertem as pendências com o governo para a sustentabilidade dos negócios. Por isso, a importância de um programa de recuperação fiscal (Refis) em momentos de saída de crises. O Governo do Distrito Federal preparou uma proposta de Refis e a encaminhou à Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Isso poderá contribuir para a retomada, com o socorro de que precisam as empresas, principalmente os pequenos negócios. Aprovar o Refis pode significar a melhoria de ambiente empreendedor para a retomada da economia e dos negócios como geradores de emprego, renda e desenvolvimento.
Se pudéssemos ouvir os mais de 300 mil CNPJs que temos em Brasília sobre o que eles precisam para voltar às atividades econômicas, eles diriam: crédito. Esse é o clamor dos negócios e dos empregos para nossas autoridades. O caminho do crédito e do Refis são a esperança de retomada de quem sonhou com o negócio próprio e garantiu os empregos e o sustento de muitas famílias.
Ao aprovar o Refis e o programa de crédito, a CLDF dará grande contribuição para que possamos ter de volta a Brasília empreendedora, que proporcionará a oportunidade de realização do sonho do brasiliense que quer optar pela iniciativa privada como opção de vida e que pode promover o sustento de muitas famílias no nosso Distrito Federal.
* Superintendente do Sebrae no DF
* Superintendente do Sebrae no DF
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