Opinião

Visto, lido e ouvido

S.Ó.S

Nem mesmo os mais engenhosos e criativos artistas das letras conseguiriam tecer um enredo tão surreal e imaginativo como o que experimentamos desde o retorno da democracia nos anos 1980. Prosseguimos sendo a belinda desigual de sempre, observados pelos olhos do planeta como um país exótico, habitado por uma sociedade que vive entre a barbárie herdada do colonialismo e uma modernidade mal copiada de outros países, que fazem de nossa gente personagens estranhos, metidos em modelos caros e sem instrução ou educação.

Na política, seguimos andando em círculos, enredados com personagens mesquinhos que deixam de pensar no país e nas próximas gerações. Se a questão do momento requer medidas urgentes em nome de vidas, a ponto de ser dispensada toda e qualquer providência burocrática e licitatória, a oportunidade para vinganças de todos os lados atrasa, cada vez mais, a retomada do país aos trilhos do desenvolvimento, que é a única coisa que interessa aos milhões de eleitores saturados de tantas fofocas e revanches.

Governadores, prefeitos e administradores, incumbidos da compra de materiais hospitalares de emergência, com dinheiro na mão, escolhem não o melhor fornecedor, que possui o preço mais em conta, mas aqueles que podem, de maneira transversa, garantir lucros diretos e imediatos aos negociantes espertalhões. Mesmo hospitais de campanha, que deveriam ser construídos de forma rápida e eficiente, para atender à demanda espetacular das multidões de enfermos, são erguidos apenas com uma fachada ou cenário de uma peça de teatro, com nada além da lona. Muitos além da lona, centenas de leitos vazios.

O dinheiro fácil do contribuinte segue desaparecendo em cada emergência. A falta de transparência nos gastos de última hora vão se se somando os bilhões que, por determinação do Congresso, passaram a ser carreados de um lado para outro para o socorro de pessoas, programas e empresas, tudo dentro dos critérios de improvisação e amadorismo. Mesmo a tensão entre os Poderes nos leva a acreditar que a pandemia é, agora, assunto secundário, que o vírus da vaidade empesteou a Praça dos Três Poderes, deixando a população desamparada, perdida, falida e desesperada.


A frase que foi pronunciada
“A liberdade só é um dom precioso 
quando estejam os povos feitos para ela. Dar a um semibárbaro instintivo as 
regalias de um ser culto e consciente, 
é pôr a civilização na contingência 
de um regresso brutal à barbárie.”

Fialho de Almeida, escritor português



Desolador

» Um passeio pelos hotéis de Brasília e a constatação. Baixíssimo o número de procura para hospedagem. São três meses de agonia para hotéis, bares, restaurantes e inúmeros empresários que precisam voltar à ativa para evitar a bancarrota.


Notícia boa

» Suspensas as parcelas de empréstimo de crédito consignado — com desconto em folha de pagamento — por quatro meses. O Senado aprovou esse projeto que deve dar uma trégua às dívidas de trabalhadores do serviço público. O projeto segue para a Câmara dos Deputados.


De olho

» Com o carimbo do coronavírus, o setor de licenciamento do Ibram está à toda prova. Mesmo em tempos de pandemia, as autorizações subiram nesse ano em relação a 2019, ultrapassaram os 20%.


Proibido

» Parquinhos e áreas de esporte estão lacrados para impedir a entrada de crianças e jovens que querem brincar, tomar sol, exercitar-se, aumentando a imunidade.


Livre

» Por outro lado, a Galeria dos Estados recebeu um grupo para celebrar a inauguração da praça do local. Fernando Leite, diretor da Novacap, apoiou a revitalização dos espaços públicos da capital, e Luciano Carvalho, secretário de Obras, comemorou o belo espaço que a população recebeu, com boa iluminação e conforto.



Pdot

» Em uma volta na W3, observa-se que calçamentos em frente às lojas receberam nivelamento, o que passa a dar mais segurança para pedestres e cadeirantes. O projeto do GDF é continuar com a empreitada e com a Estratégia de Revitalização de Conjuntos Urbanos, prevista no Plano Diretor de Ordenamento Territorial do DF.


História de Brasília
Ora, pois, se, no próximo ano, Brasília já oferecerá, para que 
tamanha despesa com o retorno de um Poder, já que a 
Câmara teria que pagar hotel para a maioria dos funcionários? 
(Publicado em 10/1/1962)