500 dias sem escândalos de corrupção
Quando veio à tona o escândalo do mensalão, revelando o fato aterrador de o Poder Executivo estar comprando, com maços de dinheiro vivo, o apoio político de parte significativa do parlamento, não houve um só dia, de lá para cá, em que não chegasse ao grande público novas e intermináveis denúncias de corrupção. A maioria delas, envolvendo quase sempre os mesmos personagens formados por políticos e empresários.
Para um país como o Brasil, caminhando há anos no limbo entre a realidade e as versões, o que a sociedade tem claro em sua avaliação da cena nacional é que a corrupção está por detrás de todos os males que nos afligem. Sabe também que seus representantes legais são os responsáveis diretos por esses fatos. Bolsonaro aparece com coragem suficiente para enfrentar esse cenário e recebe da população voto de crédito para governar.
O que a experiência mostra, aqui e em diversos países, é que, sem a participação da sociedade, a tarefa de combate à corrupção é praticamente impossível, devido à amplitude desse fenômeno, à rede de proteção interna e externa e, no nosso caso, à conhecida morosidade e leniência de nossas leis.
A Transparência Internacional tem, entre suas metas, a luta contra a corrupção na política, nos contratos internacionais, no setor privado, nas convenções internacionais e nas questões de pobreza e de desenvolvimento. Há anos, ela alerta para o fato de que os seguidos casos de que a corrupção detectados nas últimas décadas no Brasil contribuíram para o aumento da desigualdade social e da miséria, com reflexos extremamente negativos para o desenvolvimento.
No caso específico da Petrobras, o esquema do chamado Petrolão mostrou que a corrupção obedece a um padrão sistêmico na relação entre o setor privado e o poder público, em que a prática do suborno cria novos ambientes de negócios, que privilegiam determinados grupos, distantes e contrários aos interesses públicos, o que resulta sempre em distorções e desigualdades.
No longo roteiro seguido pelos governos venezuelano de Hugo Chaves e de Nicolás Maduro até a implantação total da ditadura e farsesca e sanguinária naquele país, os episódios de perseguição e ameaça a uma parcela da imprensa, que se mostrava crítica e temerosa sobre o desenrolar dos acontecimentos, vieram num crescendo que prenunciava, seguramente, que o ovo da serpente, chocado por etapas, se encontrava prestes a romper.
No início, as ameaças dos dois déspotas eram veladas, procurando criar o medo entre os jornalistas e o temor de que, a qualquer momento, algo de ruim aconteceria com eles ou com seus familiares. Depois, essas intimidações passaram a ser executadas, colocando os mecanismos de controle do Estado para esmiuçar e perseguir a vida pregressa de jornalistas e de empresários da comunicação. O fisco daquele país e os órgãos de inteligência eram direcionados para espionar cada movimento dos profissionais. A corrupção não admite a verdade.
Quando os setores público e privado agem em desobediência às leis e a ética, há reflexos sobre a infraestrutura, criando uma espécie de colapso no setor, com obras de baixa qualidade, superfaturadas, inacabadas, o que deixa de atender aos interesses presentes. Os efeitos da corrupção sistêmica não são puramente econômicos. Eles se estendem para todos os setores da vida do país, havendo, inclusive, uma correlação evidente entre corrupção e violação dos direitos humanos.
» A frase que não foi pronunciada
“O subterrâneo do Brasil é mais movimentado do que a superfície.”
Aureliano Chaves, ex vice-presidente do Brasil
Aula em casa
» Mais uma vantagem trazida pela experiência da quarentena é a possibilidade de regulamentação do homeschooling. Pais que preferem ensinar os filhos em casa. Depois, as crianças fazem uma prova para que se tenha certeza de que cumpriram
a grade escolar.
Árido
» Como estão tristes as ruas principais de Taguatinga. A fiação aérea e a falta de verde são um choque para quem conheceu aquela cidade em outros tempos. A falta que faz o urbanismo para uma população, pode ser vista ali. Na Samdu, sobretudo.
Entrevistas
» Romeu Zema, governador de Minas Gerais, tem dado um baile de política limpa.
A população não para de elogiar e se sentir segura.
Desespero
» Luta que não para. Atorvastatina Cálcica desapareceu das farmácias, deixando pacientes com doença cardiovascular e níveis elevados de colesterol completamente desamparados. Nenhum laboratório oferece o medicamento. Morbidades são de alto risco e extremamente vulneráveis à covid-19.
E agora?
» História de Brasília
Os jornais cariocas anunciam, com grande alarde, que onze pessoas ficaram loucas num só dia na naquela cidade. E é para lá que o dr. José Bonifácio quer levar o Distrito Federal. (Publicado em 8/1/1962)