Opinião

Sr. Redator




Militares

Impossível acreditar que os ministros militares, sinceramente imbuídos de que a missão das Forças Armadas é a de defender o Brasil, estariam dando aval irrestrito aos destemperos do Bolsonaro. Daí a dificuldade de simular apoio, para evitar a ingovernabilidade. Tenha-se como certo que, ao assumirem participar do governo, e de lá permanecerem, a intenção é a de controlar eventuais ímpetos do impetuoso capitão, para evitar a ingovernabilidade e, eventualmente, dar espaço para o combate ao mal maior, a covid-19. Subliminarmente, estarão tentando colocar freios para que o trem não descarrilhe.

Elizio Nilo Caliman, Lago Norte



» Com tanto assunto sério para ser resolvido, um jornal paulista vai ao Supremo para exigir que seja divulgado o resultado do exame da covid-19 do presidente Bolsonaro. Considerando que a iniciativa se torne rotina, terão que ser publicados, também, os resultados dos testes de bafômetro e sanidade mental dos ocupantes de cargos públicos. Entretanto, o mais importante, a certidão provando que o cidadão é ficha-limpa anda meio negligenciada. Este, sim, documento imprescindível para qualquer candidato disputar uma eleição.

Celso Benini, Asa Norte



» Venho cumprindo rigorosamente o isolamento social contra o novo coronavírus, compreendo que  ele pode nos livrar de uma contaminação. Quando vejo as condições do sistema de saúde pública do Brasil, fico apavorado e nasce em mim uma coragem desmedida para permanecer na minha casa, longe de entes queridos e amigos. Eu sei que, se cada um de nós fizer a nossa parte, dificilmente  iremos agonizar numa cadeira de um hospital público  à espera de uma UTI. Sabe-se  que muitos que aguardavam partiram  para a eternidade. Mas, ontem, levantei-me bem cedo e resolvi fazer uma caminhada pelas ruas do meu bairro, decidi não fazer meus exercícios no meu quintal.  Saí com  receio de encontrar amigos que convenci a não votar no segundo colocado nas eleições presidenciais de 2018. Eu venho sendo criticado por alguns.  Pensei e veio-me a seguinte ideia: colocar a máscara e uma touca Ninja com três furos. Fiz isso, e saí. Estava certo de que passaria despercebido. Mas não foi o que aconteceu. Parece que estava combinado. Passando por uma rua na qual moram alguns que mudaram seus votos, ouvi gritos do tipo: cadê o fim do toma lá dá cá? O Centrão vai mandar! É a velha política de volta! Ele não é diferente! E o engraçado é que eu não via as pessoas que gritavam. Conclusão: mesmo usando touca ninja não me livrei das críticas. Do jeito que as coisas vão, o meu isolamento será até 2022.

Jeovah Ferreira, Taquari



» O povo brasileiro não se dá valor. Considera-se pior do que os europeus e, principalmente, pior do que o povo dos Estados Unidos. O próprio presidente da República diz ser fã inabalável dos americanos. Desse povo eu quero distância. Dia 10 último, o Correio Braziliense (pág. 22), fazendo uso de toda uma página, teceu os maiores elogios ao cantor americano Little Richard, o qual, eu não conhecia nem de nome. No mesmo dia, perdemos o magnifíco cantor Carlos José, voz maravilhosa, incomparável, que levou muitas decádas transmitindo alegria aos brasileiros. Este brasileiro que tanto orgulho nos deu não mereceu uma linha sequer do Correio. Amar o Brasil é, antes de tudo, amar sua gente! Lamentável!

Anísio Teodoro, Asa Norte



Laudo

O presidente da República resolve convidar alguns auxiliares, que trabalham diretamente com ele para um churrasco a se realizar em um sábado em sua residência oficial, do que discorda um cidadão qualquer, que ingressa na Justiça mediante uma ação popular. Um juiz federal de primeira instância, sediado em uma cidade qualquer, profere uma decisão liminar, obrigando o presidente a prestar informações no prazo de 48 horas. Outro cidadão qualquer ingressa na Justiça com uma ação popular exigindo que o presidente apresente o resultado de exame médico, a que tivesse se submetido para fins de controle de eventual contágio pela covid-19 e um juiz federal de primeira instância, de uma cidade qualquer, em decisão liminar, obriga o presidente a apresentar o laudo médico no prazo de 72 horas. O presidente da República, em defesa da sua privacidade de cidadão, recorre da inacreditável decisão de primeiro grau, mas o TRF-3 mantém a sentença. Então, o presidente recorre ao STJ, cujo presidente revoga a absurda decisão. Fim do processo. Não. A querela chegou às raias do absurdo teratológico, com o recurso ao Supremo Tribunal Federal. Estamos discutindo o destino do país, do estado, do município, do bairro? Não. Estamos querendo conhecer o laudo médico do presidente, se ele teve ou não a covid-19. O que isso muda? Conforme a resposta, a vida do brasileiro vai piorar ou melhorar? O país está vivendo um grave problema. Estamos tentando salvar vidas, perdemos renda, emprego e assistimos à economia nacional encaminhar para a recessão, enquanto três tribunais discutem se o presidente deve perder a sua mais íntima privacidade. “É o fim da picada”!

Cid Lopes, Lago Sul