Bicicletas
O Plano Piloto de Lucio Costa foi bem pensado e muito se escreveu elogiando o ilustre urbanista pelo sua “invenção”. Em seu traçado, há largas avenidas e verdadeira autoestrada urbana atravessando as asas Sul e Norte com eixos auxiliares para acesso às Superquadras. Isso tudo pensando no tempo em que a indústria automobilística se instalava no Brasil, incentivada por longos deslocamentos cotidianos e pela falta de meios de transporte coletivo eficiente. Ultimamente, outros meios de transporte se intensificaram, principalmente a motocicleta e a bicicleta. Em Brasília, aproveitando as ciclovias e ciclofaixas, a bicicleta surge como parte de um cenário urbano moderno, favorecendo a proteção ao meio ambiente, com redução da poluição. Campanhas de educação no trânsito foram feitas incentivando compartilhamento com respeito das vias públicas. Mas, infelizmente, ainda presenciamos atitude bastante agressivas e desrespeitosas. No dia 5 último, por exemplo, um delegado e um amigo foram atropelados por um Jeep, enquanto pedalavam no Eixo Norte, próximo à 115, deixando as duas vítimas em estado grave. Consideramos duas medidas para redução da violência contra o ciclista: modificação de uma das faixas do Eixo Rodoviário para que seja de uso exclusivo de ciclistas e motociclistas; e intensificação de campanhas educativas para uso pacífico de vias urbanas. Os 60 anos de Brasília a fazem merecedora de um trânsito civilizado, com respeito à diversidade e à vida.
» Aldo Paviani, Lago Sul
Aldir Blanc
Deixa saudades o mestre-sala das palavras. Aldir Blanc (1946-2020), um dos grandes compositores da Música Popular Brasileira (MPB), também se destacou como notável pensador da identidade nacional. A partir do fim da década de 1980, o processo de redemocratização do país começa a se dissolver diante da realidade pragmática e excludente que caracteriza a rota neoliberal. Após o aparente fracasso do socialismo, entra em cena o Consenso de Washington (1989), prescrevendo um receituário considerado infalível à felicidade geral das nações: ajuste fiscal, privatização do patrimônio público, não intervenção do Estado na economia, mercado aquecido pela livre concorrência e regulado pelas leis da oferta e da procura. Movimentando o capital volátil e os investimentos especulativos, o cassino global atravessa o planeta em sinais eletrônicos, manifestando-se nos índices das bolsas de valores e demarcando, numa mesma nação, a fronteira divisória entre privilegiados e excluídos. Segundo conveniências do modelo estadunidense de democracia, o neoliberalismo transforma tudo em mercadoria, bens e serviços, incluindo a força de trabalho, os sistemas de saúde e educação, o fornecimento de água e energia, sem poupar os bens simbólicos. Sobre os perigos desse desenvolvimento insustentável, Aldir Blanc, em parceria com Maurício Tapajós, fez o seguinte alerta: “O Brazil não conhece o Brasil/O Brasil nunca foi ao Brazil/[...]/O Brazil não merece o Brasil/O Brazil tá matando o Brasil” (Querelas do Brasil, 1978). A ideologia neocolonial e o seu fundamentalismo de mercado procuram, portanto, apagar os feitos nacionais, principalmente os de caráter popular. Enquanto admiradores do “Brasil real”, Aldir Blanc e João Bosco, na canção O Mestre-Sala dos Mares (1977), escolheram sabiamente contar a história do almirante negro João Cândido Felisberto (1880-1969), líder da Revolta da Chibata (1910), que ficou conhecida como o movimento naval arquitetado pelos marinheiros afro-brasileiros contra o uso de chibatadas por oficiais navais brancos: “Rubras cascatas jorravam das costas dos santos/Entre cantos e chibatas/Inundando o coração do pessoal do porão/Que a exemplo do feiticeiro gritava então/Glória aos piratas, às mulatas, às sereias/Glória à farofa, à cachaça, às baleias/Glória a todas as lutas inglórias/Que através da nossa história/Não esquecemos jamais/Salve o Navegante Negro/Que tem por monumento/As pedras pisadas do cais”.
» Marcos Fabrício Lopes da Silva, Asa Norte
Aborto
Parabéns à Cida Barbosa pelo excelente artigo sobre o único direito inalienável: a vida! Realmente, a maioria do povo é contra a interrupção da gravidez e cabe ao Congresso Nacional manter o tipo penal do aborto. Não é possível que o Supremo Tribunal Federal usurpe também essa competência para decidir sobre a vida de bebês inocentes. A bem da verdade, não se trata de direito da mulher ou da mãe, mas, sim, do direito à vida cuja decisão cabe somente a Deus. Vamos refletir sobre o verdeiro sentido da função da mãe. Mulheres que reinvidicam o direito à interrupção da gravidez não poderiam jamais serem chamadas de mãe. Mãe é amor incondicional por outro ser humano. Dias felizes para aquelas que cumprem sua verdadeira vocação: amar sem limites!
» Sylvana Machado Ribeiro, Lago Sul