Opinião

Visão do Correio: Perigo de morte

''Estudo com base em dados do Centro Europeu Para Prevenção de Controle de Doenças (ECDC) mostra que a tendência é de aumento expressivo no número de mortos nos próximos dias, o que pode colapsar o sistema de saúde''

O Brasil se destaca negativamente, a cada dia, no noticiário relativo à pandemia causada pelo novo coronavírus, sobretudo, pela insistência de governantes em desrespeitar as orientações das comunidades médica e científica no tocante à necessidade do isolamento social, até agora, o único meio eficaz de combate ao vírus. Além de ter ultrapassado 7 mil mortes por causa da Covid-19, pesquisa mostra que o país ocupa o incômodo sétimo lugar na taxa de letalidade, entre as 20 nações que apresentam os maiores índices de mortalidade devido à enfermidade.

Estudo com base em dados do Centro Europeu Para Prevenção de Controle de Doenças (ECDC) mostra que a tendência é de aumento expressivo no número de mortos nos próximos dias, o que pode colapsar o sistema de saúde onde ainda não há saturamento de leitos hospitalares para atendimento aos contaminados pelo novo coronavírus. A taxa de letalidade no Brasil é de 7% — risco de um paciente com Covid-19 vir a morrer — entre os 20 países que concentram 86% dos casos registrados no planeta e 93% dos óbitos mundiais por causa da doença. Índice maior até que o dos Estados Unidos (6%), onde se contabilizam 33% de todas as mortes no globo.

O que preocupa os infectologistas é que na cidade chinesa de Wuhan, onde surgiu o novo coronavírus, o índice de letalidade é de 2,3%. Os especialistas não descartam a possibilidade de o vírus ter sofrido mutações enquanto se espalhou pelo planeta, o que pode ter aumentado seu poder de destruição. O que chama a atenção é o alto risco de letalidade em países europeus, que ocupam os primeiros lugares no ranking: França (19%), Reino Unido (16%), Bélgica (16%), Itália (14%), Holanda (12%) e Espanha (11%). Em seguida, vem o Brasil, com 7%.

A taxa de letalidade é bem diferente da de mortalidade. A primeira mede a chance da pessoa com a enfermidade vir a morrer em função dela; a segunda mensura a possibilidade de uma pessoa sem a doença vir a contraí-la e, em seguida, falecer. Por exemplo: enquanto a mortalidade por raiva humana é próxima de zero, a sua letalidade é de 100%. Para a Covid-19, a letalidade varia de 1,5% a 11%, de acordo com cada região ou país.

O certo é que o avanço da pandemia surpreende até os mais céticos. Ela provocou a morte de mais de 250 mil pessoas no mundo e mais de 7 mil no Brasil. A contaminação da população mundial ultrapassa 3 milhões em 207 nações, o que começa a assustar até os negacionistas, que teimam em não adotar o isolamento social como a única maneira disponível para combater esse poderoso inimigo invisível.