Opinião

Visto, lido e ouvido

Pandemia em segundo plano

Quando uma crise grave e complexa, como a atual pandemia, passa a gerar no seu interior outras crises de igual complexidade e gravidade, é sinal de que o problema pode ter atingido patamares totalmente fora do controle. Nesse caso, a crise passa a ganhar vida própria, arrastando tudo e todos num redemoinho. É esse  o cenário encontrado pela pandemia do coronavírus no Brasil. Os constantes desentendimentos entre os poderes da República, fenômeno que vem ocorrendo desde que o chefe do Executivo se negou a dar continuidade ao nefasto modelo de presidencialismo de coalizão, tem sido, com a pandemia, um gerador de crises institucionais que, ao que tudo indica, ainda está longe de um desfecho favorável a todos.

Até aqui frustrada, o que resultou da tentativa de implantação de um novo sistema de governabilidade proposto pelo Executivo foi o rompimento da harmonia artificial e instável que existia entre os poderes, deflagrando, assim, uma disputa aberta por hegemonia e maior protagonismo na condução do Estado. Não surpreende que, num cenário instável como esse, a crise de pandemia passasse a ser contaminada também pelos efeitos desse desarranjo institucional, ganhando ainda contornos politico partidários.

Uma leitura atenta nos noticiários diários indica que a pandemia tem sido colocada como pano de fundo para disputas de toda a ordem, cujo denominador comum se centra numa tese simplista: os resultados no combate ao coronavírus estão diretamente ligados ao futuro do governo. Em outras palavras, para aqueles que torcem pelo naufrágio do atual presidente, o vírus passou a ser um aliado em potencial e que pode, por linhas tortas, fazer o trabalho que as oposições, das esquerdas ao Centrão, não têm conseguido.

Sob o pretexto de defesa da crise de saúde pública, pacotes econômicos, como o aprovado agora na Câmara dos Deputados, destinando R$ 80 bilhões aos cofres estaduais, vão sendo aprovados a toque de caixa, mesmo contrariando orientações do Ministério da Economia, que enxerga, lá na frente, consequências sérias para o país. Ações mais simples e com resultado muito positivo e expressivo para o combate à pandemia, como a destinação dos fundos partidários e eleitorais para a saúde, não foram sequer discutidas ou mesmo admitidas. A tentativa e a insistência do presidente da Câmara em alcançar um protagonismo de relevo dentro dessa crise têm chamado a atenção de analistas políticos e independentes. Eles enxergam nessas atitudes apenas manobras no campo político para reunir e angariar forças para se contrapor ao Palácio do Planalto. Pelo sim, pelo não, a própria pandemia vai ficando em segundo plano aos cuidados apenas dos médicos e enfermeiros, esses, sim os heróis desse combate.



A frase que não foi pronunciada
“O demônio foi o primeiro inventor da razão do Estado e do duelo, que são os dois revoltosos do mundo.” 
Miguel de Cervantes, romancista, dramaturgo e poeta castelhano



História
No auge da propagação de varíola, Edward Jenner viu que as tetas das vacas tinham feridas idênticas as provocadas pela varíola nos humanos. Na realidade, era uma versão mais leve da doença. Em maio de 1796, quis saber se a sabedoria popular estava certa. Havia a crença de que a gente que trabalhava com o gado não contraía varíola. Tanto era assim, que os que ordenhavam as vacas tinham uma forma mais branda da doença. James Phipps, uma criança de oito anos foi testado.  Jenner inoculou em James Phipps material das bolhas das mãos de uma mulher que havia contraído varíola. O menino teve febre, mas logo se recuperou. Edward Jenner testou material de outras feridas no garoto que não desenvolvia a infecção completa da varíola. Foi descoberta assim, a imunização.



Primeiros passos
Em 1838, houve uma epidemia de tifo na Prussia. Samuel Hahnemann, fundador da homeopatia, formulou uma maneira de impedir o avanço do mal com o “gênio  epidêmico”.  Hahnemann criou o conceito de “gênio epidêmico” que se sustenta na seguinte ação: para medicar uma doença epidêmica, é necessário, antes de tudo, anotar os sintomas que diversos doentes apresentam. Geralmente, a homeopatia busca a pessoa dentro da doença. E não o contrário. No gênio epidêmico, o que se procura é a imagem da doença, e não a pessoa na doença.



Dúvida & Ciência
A Associação Homeopata Médico Brasileira está chegando a um estudo do que seria o gênio epidêmico brasileiro do coronavírus depois das mutações sofridas. Não seria vacina, mas uma homeoprofilaxia. Ninguém pode dizer que funcione 100%, assim como as vacinas também podem não ter esse resultado. O importante nisso tudo é resumido por Michael Friedmann: “A ciência é a cultura da dúvida”.



Pauta
Esse é o resumo de uma conversa que tivemos com o Dr. Edson Saraiva, que estará reunido com médicos de várias partes do mundo, nesta semana, em teleconferência para discutir o assunto.



História de Brasília
E criaria muitos problemas para o governo. Funcionários sem capacidade financeira não perderiam a oportunidade de compra e, quando não pudessem pagar, criariam casos nas suas repartições até que fossem transferidos para o Rio. (Publicado em 5/1/1962)