Quem sobreviverá ?
Não bastassem as agruras vividas por todos, por causa da Covid-19, mais um problema, este também de enorme gravidade paira no ar e, mais uma vez, aflige as pessoas idosas. Trata-se da continuidade tanto dos seguros de vida e dos sinistros, quanto dos planos de saúde, conforme estabelecidos nos atuais contratos. De saída, é preciso notar que a excepcionalidade do momento, no Brasil e no mundo como um todo, deverá impor às empresas que administram esses negócios um comportamento absolutamente profissional, isto é, muito mais do ponto de vista humanitário e urgente, do que pelo lado econômico. A questão é como fazer esses seguros e planos de saúde funcionarem a contento diante da perspectiva de enormes perdas que anunciam. Nesse sentido, tão danoso como não ter condições de prestarem os serviços necessários à que se destinam, é o fato dessas empresas perderem a capacidade de bancar financeiramente tais serviços, por conta da inadimplência e de outros imprevistos que estão por vir.
Exemplos históricos lembram que é justamente em tempos de grandes catástrofes que as empresas que operam nesses ramos, demonstram não apenas sua solidez e o profissionalismo, como seu poder e sua capacidade de honrar contratos. Esse foi o caso específico do grupo segurador Lloyd’s London, que, no ano de 1906, quando praticamente toda a cidade de São Francisco, na Califórnia foi destruída por um terremoto de 8,6 na escala Richter, seguido de enorme incêndio, que reduziu à cinzas o que que restara, pagou, sem contestações, todos os segurados pelo grandioso sinistro, raspando até os fundos dos cofres.
Com essa atitude, a seguradora ganhou respeito e se consolidaria, definitivamente, em terras americanas. Para aqueles empresários que seguraram suas empresas contra sinistros de toda a ordem, a questão só será resolvida com muita briga na Justiça, mesmo que muitos contratos excluam os casos de pandemia, guerras e terremotos em seus contratos. Pela novidade da questão entre nós, essas coberturas terão os tribunais como o único meio possível.
No caso dos planos de saúde privados, que contemplam mais de 47 milhões de beneficiários no Brasil, ou um quarto da população, existem ainda uma série de dúvidas a serem devidamente pacificadas. Sabe-se que os planos de saúde devem, de modo geral, cobrir o atendimento para pacientes confirmados com a Covid-19. Tratamento esse que, diga-se de passagem, normalmente tem incluído, ao menos duas semanas em unidades de tratamento intensivo (UTIs), o que normalmente resulta em uma alta conta hospitalar. Do diagnóstico ao tratamento da doença, todo o atendimento deve ser prestado por essas operadoras. Pelo menos é o que rezam a maioria dos contratos.
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) tem afirmado que vem acompanhando essa situação inusitada, recomendando que os planos de saúde prossigam atendendo os beneficiários durante todo o evento de pandemia, a fim de evitar que os planos sejam suspensos durante a crise de pandemia, o que seria um desastre tanto para o segurado quanto para as empresas e , de quebra para o sistema público de saúde, já sobrecarregado. Como a situação é nova e surgiu como que de repente sem aviso, por certo muitas pendências sobre esses problemas também irão acabar nos tribunais.
No entanto, para aquelas empresas que conseguirem, dentro do labirinto de burocrático do Estado, sobreviver incólumes à pandemia, cumprindo todos seus contratos, o prêmio, por certo será a consolidação de sua marca no Brasil. Para aquelas outras empresas, acostumadas ao tradicional protecionismo das autoridades e das agências reguladoras de saúde, a pandemia da Covid-19 prenuncia um fim de linha seguro e certo.
A frase que não foi pronunciada
“Se quer ir rápido, vá só; se quer ir longe, vá em grupo.”
Provérbio africano
Em falta
» Pacientes com doença cardiovascular usuários diários do medicamento Atorvastatina Cálcica 40mg não o estão encontrando nas drogarias há mais de 60 dias. Laboratórios afirmam que não há desabastecimento do remédio. No entanto, as drogarias enfatizam que não está sendo fornecido para o mercado de Brasília. A questão é levantada pelo leitor Renato Prestes.
Embrapa
» Nada melhor para a mente do que trabalhar a terra. Com um curso especial para o confinamento, a Embrapa, via on-line, mostra como fazer horta em espaços pequenos. Veja as dicas no Blog do Ari Cunha.
TCU
» Em resposta à coluna sobre a responsabilidade do TCU frente o controle das verbas em face da pandemia, a assessoria de imprensa do tribunal nos enviou o planejamento da instituição sobre o assunto. Acompanhe no Blog do Ari Cunha.
História de Brasília
A venda de apartamentos é uma medida condenável, principalmente no momento, a um ano distante do novo Congresso. Ademais, o dinheiro arrecadado pelos Institutos não iria nunca para novas construções, mesmo porque seria muito pouco, uma ninharia a mais, além dos aluguéis. (Publicado em 05/01/1962)