Minha Brasília
Quando te conheci, eras apenas uma adolescente, linda, tranquila, 14 anos. Te acompanhei por quase três décadas, sempre atenda às tuas lutas, desenvoltura, avanços! O meu desejo era contar ao mundo, o quanto és maravilhosa… O verde que cobria, ou cobre ainda, me dava a sensação de grande esperança. As folhas dançando ao tocar da brisa, pareciam dizer: Adeus ou me convidar para bailar com elas, ou correr de braços abertos para receber algo; como tu Brasília, recebias todos que aí chegavam para fixar residência ou visitar-te. O Lago Paranoá, era a alegria dos candangos que corriam pra lá afim de praticar algum esporte náutico. As aves voavam por sobre as águas, quase mergulhando para apanhar algum alimento, parecia uma pintura. Teu centro formado pela figura de um avião, me impulsionava a querer voar contigo e aderir as tuas investidas… Amava visitar a esplanada dos ministérios. Bem perto dali está a majestosa Catedral para que de seu interior brotem raios de luz divina as quais devem clarear as mentes daqueles que estão no poder… Tua arquitetura, com linhas retas e curvas, organizadas, sólidas, me dava a ideia de imparcialidade, honestidade, retidão, virtudes que, segundo meu conceito, devem existir em todos nós… Teu céu azul, em certos dias, me levava como êxtase, lá pra cima, pra cantar mil louvores à Deus por estar em tuas terras… Mas a vida me transferiu para bem longe de ti. Hoje, com quase 90 anos, quero ter a alegria de dizer-te: Parabéns, Brasília, pelos teus 60 anos… Saudades,
» Magda América de Mello,
Brasília
Outro DF
A cidade como conhecemos, desde seus primórdios na modernidade, caracterizada pela ocupação maciça de seu espaço por milhares de pessoas, nos propiciou novos tipos de interação social e o desenvolvimento de novas subjetividades e sensibilidades que permeiam o imaginário coletivo. A literatura brasileira, predominantemente urbana desde seus primórdios, é marcada por representar as características das cidades, sejam elas por meio da descrição dos espaços urbanos (ou em transição para o urbano), sejam por meio das relações sociais que emergem deste meio. Atualmente, o espaço urbano funciona na narrativa urbana contemporânea, para além de cenário, como um catalisador de eventos ao longo da narrativa. Outro Distrito Federal se apresenta no livro PRA CONSTAR PlanaltinoPeriféricoDFconfesso: control C control versos (2020), de Luiz Felipe Vitelli Peixoto. É o caso do poema Assombradinho Coração: “Brasília, não faço plano/Sobre teu Plano/Porque teu Plano não tem mais piloto./A tua Câmara Legis-engatilha/Atirando balas perdidas pra todo lado./Mas teus encantos/Ainda desequilibram meu Eixo Monumental./A minha alma Planaltina Para-no-ar./Bem no Eixão./Entre a Asa Nobre e a Asa Súdita/Onde a minha traquina Tagualíngua/Samambaila toda Ceilânguida/Sobre a tua w/tez./Até o Núcleo bem Bandeirante/E ali no Recantos das Emas./Vixe, Santa Maria, minha Brazlândia do Noroeste/Lago Sul, Norte, Sudoeste ou Guará./Isso ainda Gama./E bem lá no Riacho Fundo de Águas Claras/Bem no Centro do meu peito/Muito L doido, Candangolândio,/Assombradinho.../Bate Cerrado este meu coração/É pelo Distrito Federal./Brasília é uma ilha cercada de atrocidades/Satélites por todo o DF/E eu moro do outro lado da ponte do Braguetto./Cuidado playboys e burgueses./Sou Planaltino periférico/suspeito”. São características urbanas contemporâneas que se relacionam diretamente com a subjetividade do indivíduo que pratica a cidade periférica, indo além de um mero pano de fundo para a narrativa brasiliense convencional.
» Marcos Fabrício Lopes da Silva,
Asa Norte
Transformação
Nós brasileiros, estamos passando por uma onda de alterações psicofisiológicas, uma vez que, obrigados a enfrentar diferentes situações que amedrontam, irritam, desmotivam e que exigem mudanças de comportamento e de atitudes, impactando o modo de viver, dentro do contexto atual. Temos passado por momentos de dúvida, fraqueza, raiva, insegurança e de cansaço, gerando estresse, fonte básica de muitas enfermidades. A hora é de cada um acreditar na força íntima de superar-se. A hora é de aproveitar o momento de isolamento para revisar os valores e quebrar paradígmas. A hora é de encarar a realidade de maneira autêntica, sensível, verdadeira e honesta em sintonia com as tranformações que o mundo está nos impondo. A hora é de criatividade individual, familiar e coletiva, de máxima conscientização de que o ser é mais importante do que o ter. A hora é de somar e multiplicar, formando uma grande corrente de solidariedade e amor ao próximo, como também é hora do desapego a objetos, a ideologias, ao consumismo, a vantagens, aos cargos e ao poder. Na verdade, a hora é de muito respeito humano, de informações fidedígnas, de diálogo, de construção de um novo tempo, uma nova era que, certamente, nos trará a felicidade e a qualidade de vida que almejamos. A tranformação da realidade que buscamos tem início no interior de cada um de nós.
» Elizabet Garcia Campos,
Asa Sul